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Santo André quer restringir
prédios ao redor dos parques
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
28/02/2011 | 07:33
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A revisão do Plano Diretor enviada à Câmara pela Prefeitura de Santo André prevê restrições à verticalização no entorno de parques, praças e vilas consideradas históricas.

Imóveis com mais de dois andares só poderão ser construídos a mais de 40 metros de distância dessas áreas, o que abrange, aproximadamente, a largura da via mais o terreno em frente.

A ideia, segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Frederico Muraro, é preservar a paisagem da cidade, garantir a visibilidade e ventilação das áreas, além de proteger marcos, pontos históricos e áreas de convivência que são referência para a população. "É um direito do cidadão optar em morar onde não há verticalização", destacou.

Conforme o secretário, o Plano Diretor impõe regras aos potenciais novos investidores de Santo André. "A verticalização é realidade, mas não pode continuar sem regras", ressaltou.

A expectativa de Muraro é de que a proposta seja aprovada pela Câmara ainda no primeiro semestre. Depois, a intenção é criar ferramentas para auxiliar na aplicação do Plano Diretor, como cálculo da capacidade de suporte.

INSTRUMENTOS
Segundo o secretário, esse instrumento servirá para avaliar os impactos que a construção de um edifício trazem para o entorno, principalmente ao trânsito. "Por meio dessa ferramenta podemos propor ao empreendedor interessado em determinada área que faça uma ação mitigadora se não houver capacidade de suporte", explicou.

A intenção da Prefeitura é colocar ordem no setor imobiliário. Muitos lugares que deverão ficar longe da verticalização, porém, já têm prédios no entorno, ou seja, interessam ao setor privado. Se aprovado, o Plano Diretor terá um grande desafio pela frente.

 Edifícios já mudaram paisagem de áreas verdes

Algumas das áreas que o Plano Diretor de Santo André pretende manter livre de prédios possuem edifícios de mais de 20 andares construídos em seus entornos. Exemplo disso é o Parque Celso Daniel.

Na Avenida Industrial, três torres residenciais de alto padrão e dois hotéis compõem a paisagem e atrapalham o bate-bola. "Antes, o parque funcionava 24 horas, mas os moradores reclamaram e agora fecha às 22h. Quem batia uma bolinha noturna não tem mais opção", disse o advogado Aparecido Dias, 62 anos.

No Parque Ipiranguinha, a Rua do Sol tem casas antigas com arquitetura característica. O padrão é interrompido por uma torre de 20 andares em estilo moderno, com grandes orifícios enfeitando na entrada. "Esse prédio está aí faz tempo e, pelo que sei, queriam fazer outro no terreno ao lado, mas acho que não deu certo. Ainda bem", comentou a dona de casa Maria Aparecida Vales, 56 anos, 34 deles vivendo no local e acompanhando suas mudanças.

HISTÓRIA
A Vila Mansuetto, no bairro Santa Terezinha, é outra área ameaçada pela especulação imobiliária. Há um conjunto de prédios de quatro andares ao seu redor, e a população começou a sentir os efeitos. "A televisão só funciona se for a cabo, porque minha casa fica na parte de baixo da rua e o sinal não chega", reclamou Walquíria Costa Adhmann, 62, moradora da vila há 50 anos.

Ela explica que o pequeno bairro com portal e painel de azulejo era a menina dos olhos dos andreenses. "Na década de 1950, todo mundo queria viver aqui", garantiu.

A modernidade chegou, muita gente partiu e Walquíria foi ficando. "Se parar de vir prédio já é alguma coisa. Mas o que se perdeu daquela época não volta mais." Que o diga um dos portais, destruído em 2009 e nunca mais reconstruído.




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