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Italianos são os recordistas em adoções no Brasil
William Novaes
Do Diário do Grande ABC
17/08/2010 | 09:07
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Os italianos são os estrangeiros que mais adotam crianças e adolescentes em São Paulo. Em 2009, 77% dos 162 menores que foram viver fora do País partiram para Itália. No primeiro semestre desde ano, a proporção foi maior: 98% das guardas foram concedidas a estes cidadãos. Apenas uma criança de 6 anos ganhou a nacionalidade espanhola.

Os números altos têm explicação. Não se trata de favorecimento da Autoridade Central, órgão ligado ao Ministério da Justiça, responsável pela autorização de adoções internacionais, ou alguma ilegalidade. Das 24 associações internacionais autorizadas a adotar, 50% são italianas, ou seja, existe ampla atuação dos responsáveis por essas entidades. Mas também há noruegueses, franceses e americanos interessados em brasileirinhos.

Segundo Carlos Berlini, advogado e diretor-executivo da Ai.Bi.- Amici dei Bambini -, entidade da Itália que atua em mais de 30 países na intermediação de adoções, o motivo para a maior representatividade está na proximidade das culturas, do idioma e da disposição dos seus clientes em quere crianças acima de 6 anos, grupos de irmãos, pardos e negros.

"A adoção internacional ainda sofre muitos tabus, estamos tentando desmistificar. Os casais italianos são mais abertos, 93% dos pretendentes brasileiros querem crianças de 0 a 5 anos", conta Berlini, que também atua como presidente da Comissão Especial de Direito a Adoção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do estado de São Paulo.

Em 2009, o número de crianças que foram viver fora do País representou 3,6% de 1.581 processos de adoções finalizados no Estado. Neste ano a taxa está em 3,9%. "Esse é um número absolutamente normal. Vale lembrar que os estrangeiros são a última opção. No primeiro lugar estão os brasileiros cadastrados na fila nacional, depois os brasileiros que vivem no Exterior, na sequência os estrangeiros que moram no Brasil. Quando todos rejeitam os menores é que são apresentados para os estrangeiros que vivem fora", comenta Berlini.

Para o juiz da Vara da Infância e Juventude São Caetano, Eduardo Rezende de Melo, a busca por pessoas de países mais desenvolvidos é um fenômeno no mundo inteiro. "Quanto mais rico o país for, é menor o número de crianças vivendo em abrigos. Porque a Madona vai adotar na África? Por que nos EUA não tem bebês", argumenta o magistrado.

A lei de adoção internacional determina que os estrangeiros precisam ficar por 30 dias em território brasileiro para adaptação com filho.

Para advogada Andrea Silvia Cardoso Verotti, representante nacional da I Cinque Pani, entidade que intermediou a ida de 14 menores nos últimos dois anos para casais moradores de Roma, Prado e Bolonha, os italianos sempre querem adotar grupo de irmãos ou mais de uma criança. "O tempo para a conclusão do processo leva em média de dois a três anos e milhares de euros. Eles tem mais disponibilidade e menos preconceitos", disse Andrea.

 




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