Foi num misto de alívio e apreensão que Fernanda Paes Leme recebeu a notícia de que o seriado Sandy e Junior (Globo) tinha chegado ao fim. Alívio porque, depois de quatro anos, ela finalmente estaria livre para fazer novos trabalhos na emissora. E apreensão porque a jovem atriz temia que novos trabalhos não surgissem. Pela primeira vez, desde que estreou na TV em 1999, estaria desempregada. Mas a angústia da moça não durou muito. Logo ela foi convidada para fazer uma participação em Agora É Que São Elas. Parecia pouco, mas Ricardo Linhares gostou tanto de Fernanda que resolveu efetivá-la no papel de Karina, a mãe solteira que estremece o casamento de Djalma e Nanda, personagens de Márcio Kieling e Jerusa Franco. “Até me chamarem para a novela, não sabia o que seria de mim. Cheguei a pensar: ‘Será que os caras vão esquecer que existo?’. Se esquecessem, batia na porta deles”, diz, brincando.

Aos 20 anos, Fernanda não esconde que já não sentia muita empolgação ao interpretar a mesma personagem – a geniosa Paty, de Sandy e Junior – por quatro anos. E ela só não estreou em outra produção há mais tempo porque seu nome já estava reservado, desde o início do ano, para a nova temporada da série. Antes de a novela estrear, Fernanda tinha sido sondada para Agora É Que São Elas, justamente no papel de Nanda, a jovem radialista que trabalha fora enquanto o marido cuida do filho e dos afazeres domésticos. Por ironia do destino, Fernanda entra em cena, quatro meses depois, para atrapalhar o casamento de Djalma e Nanda, tido como um dos preferidos do público. “Meus amigos já começaram a me zoar: ‘Mas, você vai destruir o casal mais perfeito da novela?’. Tadinha, a Karina não tem nada a ver com isso”.

Separar casais, na verdade, parece ser uma especialidade das personagens de Fernanda Paes Leme. Em Sandy e Junior, Paty não fazia outra coisa senão tentar separar a protagonista de Gustavo, interpretado por Paulinho Vilhena. Mas ela logo sai em defesa de Karina, alegando que ela não tem nada de interesseira. “Se fosse, ela se envolveria com um homem rico, não com o Djalminha, que não tem onde cair morto”, diz. O que mais chamou a atenção de Fernanda, porém, foi o fato de a personagem ser mãe solteira. Com 22 anos, Karina já tem um filho de quatro. A escolha de seu nome para o papel, confessa Fernanda, causou espanto. “Mas já vou ter filho na novela? Mas não é muito cedo, não? Tem algo errado”, diz, fingindo indignação.

Brincadeiras à parte, Fernanda já não via a hora de enveredar por outros caminhos, como fez o próprio Paulinho Vilhena, o Vitório de Agora É Que São Elas, outro egresso de Sandy e Junior. Convites para ingressar em outras produções, ressalva, não faltaram. Uga Uga, de Carlos Lombardi, e Andando nas Nuvens, de Euclydes Marinho, foram alguns deles. Por isso, ela não parece interessada em saber que Agora É Que São Elas não anda muito bem das pernas. Mesmo convicta de que fez a coisa certa ao aceitar o convite, ela foi buscar encorajamento nas palavras de Suzana Vieira, em entrevista no Domingão do Faustão. “Nem sempre o seu papel é o melhor do mundo, mas o trabalho do ator é pegar um limão e fazer uma limonada”.

À primeira vista, o papel de Karina deve inaugurar uma fase mais madura na carreira de Fernanda. Depois de quatro anos interpretando a mimada Paty, nada melhor que o papel de uma mulher que se envolve com um homem casado para desassociar qualquer imagem que o público possa ter. Além disso, os recentes ensaios para a sessão Mulheres que Amamos, da Playboy, onde hipnotiza os leitores numa insinuante blusinha transparente, e para o site Paparazzo, onde desfila toda a exuberância de sua mocidade em poses sensuais, comprovam que Fernanda cresceu e apareceu. Mesmo já tendo enfeitado as páginas da VIP como uma das mais sensuais do Brasil, Fernanda cora ao tocar no assunto. “Sinto que as pessoas ficam desapontadas quando me vêem na rua. Também pudera! Sou bem molecona. Não sei de onde tiraram que sou sexy”, afirma, encabulada.