Inspirado na fábula de Carlo Collodi, pseudônimo de Carlo Lorenzini (1826-1890), "Pinókio" recria livremente a história do boneco transformado em ser humano. Com duas exibições no Teatro Clara Nunes, em Diadema, a peça acompanha a metamorfose de pessoas em máquinas.

Na penumbra, característica das encenações da Companhia Club Noir, seis personagens (a mulher velha, o homem velho, a menina, a mulher de azul, o grilo falante e a agente da lei) falam, sussurram, conversam e elaboram ideias que conduzem a plateia ao novo lugar que a montagem sugere. Todas as criaturas circulam por mundo inteiramente inventado. 

A trama não é um espelho, que permite o reconhecimento, mas tecelagem norteada por outras possibilidades de vir a ser, para além do homem cultural, estático e conformado.

O cenário, assinado pelo diretor Roberto Alvim, é todo negro. Nas paredes, camadas de tinta a óleo passa a impressão de umidade. O chão, feito de mármore, gera a sensação de solo com rachaduras ou texturas escondidas.

Para realçar a atmosfera de penumbra, o diretor decidiu não utilizar nenhum refletor em cena. Durante o primeiro ato, por exemplo, há uma única faixa horizontal de neon branco, situada na parede ao fundo do cenário, somente para a iluminação do entorno dos corpos.

Os figurinos, de Juliana Galdino e Daniele Cabral, são confeccionados com tecidos pretos, porém recebem nuances diferentes desta cor e mesclam diversos caimentos, texturas e cortes.

Integram o elenco da peça Juliana Galdino, Rodrigo Pavon, Janaína Afhonso, José Geraldo Jr., Katiana Rangel e Bruno Ribeiro.


Pinókio Teatro. Sábado, às 20h; e domingo, às 19h. No Teatro Clara Nunes - Rua Graciosa, 300, Diadema. Tel.: 4056-3366. Entrada franca.