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Casal homossexual acusa seguranças de agressão

Moradores de Sto.André dizem ter sido vítimas de intolerância em casa de shows da Capital no sábado

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
14/06/2016 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


O que era para ser noite descontraída entre casal de namorados e seus amigos se tornou trauma para os jovens andreenses Caio da Rocha, 24 anos, e Daniel Camargo, 34. Eles acusam seguranças do CTN (Centro de Tradições Nordestinas) de intolerância seguida por agressão física, após show da cantora Ivete Sangalo, na madrugada de sábado.

Os jovens afirmam ter sido espancados por seguranças da casa de shows após confusão por causa de uma blusa. “Estávamos esperando nossas amigas na porta do banheiro para ir embora quando dois rapazes chegaram dizendo que tínhamos furtado a blusa deles. Eu disse que a peça era nossa e, mesmo assim, eles começaram a puxar ela (vestimenta) da mão do Daniel e a agredir. Percebi alguns seguranças se aproximando, mas, ao contrário do que pensava, eles me puxaram e começaram a me socar”, relata Rocha.

O jovem destaca que chegou a pedir para os seguranças pararem, mas não teve êxito. “Falei que eles estavam me enforcando e que eu iria morrer, mas eles não pararam. Eles só falavam que ‘viado e gay tinham de morrer mesmo’”. Os jovens relatam ainda terem pedido ajuda para viatura da Polícia Militar que estava estacionada no local, entretanto, o atendimento foi negado.

“Nunca tinha passado por constrangimento tão grande. Só quero justiça, pois, no fundo isso foi tentativa de homicídio. Eles (seguranças) não deixaram somente marca no meu corpo, mas na minha vida. Tiraram o que tinha de melhor em mim, o meu sorriso”, relata Rocha, que sofreu lesões na cabeça e pescoço.

Para Camargo, a agressão mostra o quanto a proteção à categoria LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) ainda é precária. “Isso é o Brasil, onde os próprios políticos são homofóbicos. Não se tem mais o direito de amar quem você quiser.”

De acordo com o advogado Angelo Carbone, responsável pela defesa do casal, o caso, registrado no 1º DP de Santo André, será encaminhado para a Decradi (Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), na Capital. Os namorados estiveram ontem no IML (Instituto Médico-Legal) para realizar exame de corpo de delito.

De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), a Polícia Civil instaurou inquérito para investigar os crimes de lesão corporal, injúria e ameaça. A Pasta declarou que os seguranças do estabelecimento já foram ouvidos ontem e testemunhas da agressão devem prestar depoimento ainda nesta semana. Além disso, a Polícia Militar instaurou procedimento administrativo para apurar a acusação de omissão de socorro. Para isso, aguarda as vítimas comparecerem à corregedoria para realizar reconhecimento fotográfico dos policiais.

Em nota, o Centro de Tradições Nordestinas informou que não recebeu notificação oficial sobre o caso. Todavia, se disponibiliza para o esclarecimento dos fatos e, havendo confirmação da denúncia, “penalizará rigorosamente os possíveis responsáveis.”




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