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Brasil começa a receber energia elétrica da Argentina
Do Diário do Grande ABC
29/05/2000 | 16:27
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O Brasil começa a receber, nesta terça, mil megawatts de energia comprados da Argentina. O presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio, disse que a importaçao de energia elétrica irá reforçar as necessidades do país de atender a demanda em funçao do aquecimento da economia nacional. O contrato prevê um gasto anual de cerca de US$ 230 milhoes com a aquisiçao da eletricidade argentina. Cerca de 70% da energia importada irá para Furnas Centrais Elétricas S/A e 30% para a Gerasul.

Firmino explicou que, para fechar o negócio, valeu-se de um inédito modelo de compra internacional através de licitaçao para a escolha do grupo encarregado de obras de infra-estrutura para permitir o transporte de eletricidade para o Brasil. A energia chegará à subestaçao de Itá (SC) por meio da linha de transmissao construída pelo consórcio Cien, liderado pela espanhola Endesa, vencedor da concorrência de importaçao de energia.

"O gerenciamento do governo, através do ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), tem sido importante já que refere-se ao acompanhamento de todos os investimentos no país", disse Firmino. "No entanto, o sucesso dessas providências nao afasta em definitivo as necessidades de providências complementares para garantir a expansao da oferta de energia em 2001."

Demanda - Para assegurar o suprimento de energia elétrica este ano, segundo Firmino, é necessário um incremento de 3.500 megawatts à produçao total brasileira. Segundo o executivo, no primeiro trimestre deste ano houve um crescimento de 5,5% da demanda de eletricidade se comparado ao mesmo período do ano passado.

A importaçao da eletricidade argentina já poderia estar acontecendo desde o início do ano, mas o cronograma teve de ser atrasado por causa de adaptaçoes dos equipamentos. Como a eletricidade daquele País situa-se em 50 ciclos, foi preciso convertê-la para 60 ciclos como forma de transferir a eletricidade para o Brasil.

Nos últimos dias foram realizados testes dos equipamentos para o início da importaçao de energia elétrica. O próximo passo, segundo Firmino, é a construçao da segunda linha entre o Brasil e a Argentina que irá permitir, no próximo ano, a importaçao de mais 1 mil megawatts.

"Quase que a totalidade desta energia já está negociada com a Copel (Companhia Paranaense de Eletricidade) e outros grupos nacionais", assegurou Firmino. No futuro, segundo ele, será possível também importar energia do Uruguai. Este assunto ainda está sendo analisado pelo governo.

Angra - Outra meta do presidente da Eletrobrás é colocar a Usina Nuclear Angra II em operaçao definitiva, o que permitirá um acréscimo da oferta de 1.309 megawatts. Já foram realizados os testes dos equipamentos e a expectativa é de que a Comissao Nacional de Energia Nuclear (CNEN) dê o sinal verde para os testes operacionais a quente, ou seja, que permitam o aquecimento da usina.

Firmino explicou que serao obedecidas todas as etapas como forma de que a entrada em funcionamento de Angra II ocorra dentro das normas internacionais de segurança estabelecidas para o setor nuclear. Ele espera que a CNEN dê a licença dentro dos próximos dias.

Um outro reforço ao parque nacional virá da Usina Hidrelétrica de Itá (SC). No próximo mês entra em operaçao parte daquela usina, que corresponderá pela oferta de 290 megawatts. Em setembro, outros 290 megawatts estarao sendo produzidos pela usina. "Será um grande reforço para o atendimento do País, já que a taxa de consumo volta a apresentar o mesmo vigor do início do Plano Real."

Térmica - Já no próximo mês, a Usina Termelétrica de Uruguaiana estará produzindo energia através do gás natural importado da Argentina. A Usina Termelétrica de Cuiabá é outro projeto que vem sendo acompanhado pelo governo. O executivo da Eletrobrás acredita que o empreendimento da americana Enron deve estar concluído dentro dos próximos meses, colocando mais 300 megawatts de energia à disposiçao do mercado interno.

Firmino também apostas as fichas em outros dois importantes projetos de usinas hidrelétricas. Segundo ele, em novembro deste ano, entrará em funcionamento a primeira unidade da Usina Hidrelétrica de Manso (MT), empreendimento de Furnas, com oferta de 52,5 megawatts. No ano que vem, serao colocadas em operaçao mais três unidades, o que totalizariam 210 megawatts de energia.

O outro projeto é a Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhaes, que vem sendo construída no Tocantins pelo grupo paulista Rede em parceria com a Eletricidade de Portugal (EDP), a Companhia Energética de Brasília (CEB) e uma participaçao minoritária da Eletrobrás. O empreendimento, que foi visitado na última sexta-feira pelo presidente Fernando Henrique, deve estar produzindo energia em dezembro de 2001. "Esta usina produzirá 850 megawatts", afirmou. "O BNDES é o gente financeiro do empreendimento que prevê R$ 1 bilhao de investimentos."

Segundo Firmino, vem sendo construída também a terceira linha de transmissao da Usina Hidrelétrica de Itaipu As obras acontecem entre Itabera e Tijuco Preto, no interior do Estado de Sao Paulo.




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