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Argentina nao tem certeza que cumprirá metas com FMI
Do Diário do Grande ABC
02/07/1999 | 17:24
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O governo argentino admitiu que já nao tem certeza que poderá cumprir as metas pactadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A revelaçao foi feita pelo chefe de assesores do ministério da Economia, Miguel Kiguel, que disse que o principal problema será a arrecadaçao fiscal, que em junho caiu 9,5% em relaçao ao mesmo mês do ano passado.

Se nao tivesse sido criado um imposto sobre os automóveis para o fundo docente, calcula-se a queda teria sido de 14%.

Nao foi o único anúncio que trouxe turbulências: durante uma reuniao do gabinete presidencial, o ministro da Economia, Roque Fernández, admitiu pela primeira vez que a recessao argentina continuará até o fim deste ano. Até poucas semanas atrás, Fernández sustentava que a economia se recuperaria no terceiro semestre. Mas agora, o ministro confessa que somente existirao alguns sinais de recuperaçao no início do próximo governo, que começa em dezembro.

O ministro disse que o FMI lhe informou que os preços dos commodities nao vao aumentar, "o que é uma má notícia para o país". Também lamentou-se do aumento de 32% do risco-país argentino nos últimos 20 dias, e comparou-o com o brasileiro, que subiu menos: 11%. Ele disse que o aumento causou o crescimento das taxas de juros para as empresas, que passaram de 7,5% para 9,5% anual.

Fernández também explicou de uma forma cor-de-rosa ao presidente Carlos Menem a queda no consumo: "as pessoas estao gastando menos porque estao poupando". De acordo com o ministro antigamente o consumo caia quando a receita diminuía. No entanto, atualmente a receita está se mantendo, mas o consumo se reduz. "Estao poupando preventivamente por temor à recessao", sustentou. A otimista explicaçao de Fernández a Menem, causou indignaçao em grande parte dos integrantes do gabinete, que disseram ao presidente que o ministro da Economia estava mentido para ele. Menem nada respondeu.

Nesta sexta-feira foi divulgada uma pesquisa feita pelo Instituto para o Desenvolvimento Empresarial da Argentina (IDEA) que ilustra que o empresariado nao concorda com o otimismo de Fernández: 51% dos executivos entrevistados das principais empresas consideram que a recessao se prolongará até meados do ano que vem. 63% acha que daqui a seis meses a situaçao estará pior ou igual.

O economista Roberto Lavagna pensa igual, e afirma que "a deterioraçao econômica deteve-se, mas ainda nao existem elementos suficientes para esperar uma melhora". Este ano terminará com uma queda de 2,5% a 3% no PIB". O economista Aldo Abram considera que o primeiro trimestre do ano 2000 será o pior. Segundo ele, até que o novo presidente tome posse e esclareça qual será sua política econômica, os financistas adiarao as decisoes de investimentos.




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