Cultura & Lazer Titulo
O que não falta é inspiração para o menestrel Juca Chaves
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
16/07/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


O menestrel Juca Chaves celebra hoje, às 21h, no Teatro Municipal de Santo André, cinco décadas de "prostituição artística", com o espetáculo Jubileu de Ouro. A definição sarcástica é do próprio músico e humorista, 70 anos, que faz autoironia com o aspecto comercial de seu ofício e a necessidade que todo autor tem de atingir o maior número possível de pessoas.

"Nós, artistas, nos vendemos", afirma o compositor, que também subirá ao palco do Teatro Santos Dumont, em São Caetano, nos dias 25 e 26 (informações pelo telefone 4238-3030). Munido do alaúde, ele notabilizou-se por traduzir paixões e peculiaridades da vida nacional em singelas modinhas.

De Juscelino Kubitschek, na década de 1950, a Luiz Inácio Lula da Silva, todos os mandatários máximos do País foram descritos pelos inspirados versos de Juca.

SARNEY E ESCÂNDALOS - No show de hoje, em que os ingressos custam R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada), o músico apresenta apenas canções escritas a partir do governo de José Sarney, atual presidente do Senado envolvido em um mar de denúncias ou "no auge do sucesso", como Juca define, em tom irreverente.

Os frequentes escândalos da política nacional só confirmaram a atualidade da obra do cantor, que compôs E O Rei está Nu em "homenagem" ao episódio do mensalão. "Nunca roubou-se tanto na história da República. O presidente diz que a política de hoje é transparente e isso é uma coisa perigosa. Porque, sendo transparente, você pode ver que o outro lado não é nada bom", brinca o menestrel.

CENSURADO - Mas não foi sempre que Juca pôde mostrar o riso fácil que pontuou suas frases durante a entrevista. Antes do regime militar, instaurado em 1964, já tinha de reivindicar que suas composições fossem liberadas para execução pública. "A primeira censura que sofri, nos anos 1950, foi moral. Essa é a pior de todas porque por trás dela estão as censuras políticas e sociais. Nos meus primeiros anos de carreira, não podia falar a palavra virgem. Em 1974, fui o primeiro a colocar a palavra tesão em uma música", lembra.

Mesmo perseguido pelos militares e sem nutrir simpatia por nenhuma corrente ideológica, o cantor conseguiu viabilizar seu trabalho. "O bom da sátira é que você pode apontar os erros e o ridículo da sociedade sem ofender."

Juca Chaves - Show. Hoje. às 21h. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário. Tel.: 4433-0789. Ingr.: R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;