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São Bernardo faz cerco a camelôs
Hugo Henrique Cilo
Do Diário do Grande ABC
02/04/2004 | 21:25
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  Fiscais da Prefeitura de São Bernardo fizeram nesta sexta, durante todo o dia, uma megaoperação no Centro. O alvo novamente eram camelôs que atuam sobretudo no entorno e na praça Lauro Gomes. Mais de 50 deles tiveram mercadorias apreendidas e barracas desmontadas. Os que conseguiram fugir voltaram para protestar contra o tratamento da fiscalização, que, segundo eles, é agressivo.

O sentimento de revolta tomou conta da praça Lauro Gomes após a ação dos agentes municipais. Os ambulantes culpavam o prefeito William Dib pela péssima condição de trabalho e pelos pedidos de licença negados. “Esse prefeito só aparece aqui para pedir votos. Quando a gente tenta trabalhar honestamente, eles vêm aqui e levam tudo o que a gente comprou com muito esforço”, acusou Valter Daniel, vendedor de bebidas há dois anos no local.

Os ambulantes afirmam ainda que muitos fiscais chegaram ao local com chutes e pontapés. “Eles chutavam tudo que estava no chão. Quebraram as nossas barracas e nos ameaçaram fisicamente”, disse Maria do Socorro Bezerra Silva, ambulante, mãe de oito filhos.

Segundo ela, o chefe dos fiscais ironizou a situação, disse que o dinheiro dele está garantido e que o desemprego deles não é problema da Prefeitura. “Um tal de Claudinei riu da nossa cara e falou que para ele era um prazer nos ver jogados na rua”, garantiu a mulher, que confessou estar com medo das próximas operações.

Os camelôs dizem também que os fiscais confiscam bolsas com artigos de uso pessoal. “Muitas das coisas levadas não eram das barracas. Chegaram até a levar minha bolsa com escova de dente e desodorante, entre outros artigos de higiene pessoal”, reclamou o camelô José Raimundo Nascimento.

O caso do ambulante peruano Ramón Perez é parecido com o de José Raimundo. Ele é vendedor de CD’s piratas de música andina. Mas, ao contrário do que esperava, os fiscais não apreenderam os discos, mas sim o aparelho de som. “Não entendi a reação deles. Me deixaram com os CD’s piratas e levaram o rádio, que é original”, contou Perez.

Em resposta às acusações dos ambulantes, o secretário de Serviços Urbanos da Prefeitura de São Bernardo, Gilberto Frigo, nega que “tudo isso tenha fundamento” e afirma que todos os camelôs despejados do local não moram no município. “Nós estamos apenas exercendo nossa autoridade dentro das leis e protegendo os empregos dos moradores da cidade. Essas pessoas querem transformar a região da rua Marechal Deodoro no Centro da cidade de São Paulo, onde produtos contrabandeados e até mesmo roubados são vendidos livremente”, rebate Frigo.

O secretário garante ainda que a ação dos fiscais da Prefeitura irá continuar, e aconselha aos que se sentirem prejudicados ou sofrerem agressão a procurar uma delegacia para fazer “valer os seus direitos”. Já os moradores de São Bernardo poderão procurar a Secretaria para regularizar a situação junto à Prefeitura.

Frigo nega também que os fiscais sejam violentos. “De maneira alguma nossos agentes são orientados a usar a força ou faltar com o respeito para com os ambulantes. Nosso objetivo é sempre buscar o melhor para a nossa cidade.”




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