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Irmãos do Piauí servem juntos na PM
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
04/04/2010 | 07:25
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A farda da Polícia Militar uniu a história de três irmãos nascidos no Piauí. Ao sair do Nordeste em busca de uma vida melhor, a família Visgueira criou raízes na corporação e no Grande ABC. Hoje moradores da região, os irmãos José Francisco, 50 anos, Raimundo Nonato, 41, e João Batista, 39, construíram carreira como policiais - um no Corpo de Bombeiros, outro na Força Tática outro na rádio-patrulha.

O sonho de se mudar para São Paulo atraiu o então jovem José Francisco Visgueira em 1982. Como já tinha prestado o serviço militar em Teresina, não demorou para que José arrumasse um emprego como segurança patrimonial. Daí para prestar concurso na Polícia Militar foi rápido.

"No primeiro assalto a agência bancária que presenciei, pensei: ‘Quero ser policial'", lembra o piauiense, sexto filho de um grupo de 11 e primeiro a se mudar para São Paulo. "Na época, morava no Ipiranga. Entrei como soldado em 1987 e já fui designado para trabalhar no Corpo de Bombeiros", conta.

No ano seguinte, veio a promoção a cabo, já no quartel de Santo André. Em 1992, José virou 3° sargento. Hoje, é 1° sargento e trabalha coordenando um grupo no Cobom (Centro de Operações dos Bombeiros), no bairro Campestre, Santo André.
Além de ser o irmão com mais alto grau na hierarquia da Polícia Militar, José foi o responsável por dar abrigo aos irmãos que chegavam do Piauí. Raimundo Nonato Visgueira foi o primeiro a fazer a viagem, em 1987. O jovem se formou em um curso técnico de segurança do trabalho e começou a trabalhar na área.

Em novembro de 2000, Raimundo decidiu seguir a carreira do irmão. Entrou na escola da Polícia Militar em Bauru, no Interior, trabalhou no 5° Batalhão, na Zona Norte da Capital, e depois foi transferido para o 6° Batalhão, em São Bernardo, onde trabalha até hoje como soldado no policiamento noturno. "Na noite, a gente vê muita coisa. Mas ter o reconhecimento da população ao recuperar um produto de roubo ou tirar um mau elemento de circulação, não tem preço", diz Raimundo.

Terceiro Visgueira a chegar a São Paulo, João Batista se mudou em 1991. Como também tinha prestado serviço militar e não ia fugir à regra do resto da família, entrou para a polícia. Hoje, é 3° sargento na Força Tática do 6° Batalhão, também em São Bernardo. Para aumentar o número de policiais no clã, os irmãos Visgueira ainda contabilizam um capitão e um tenente da Polícia Militar do Piauí e um ex-sargento do Exército.

O segredo para uma vida longa dentro da corporação é dado pelo Visgueira mais velho: "Uma coisa que o policial não deve é envolver o lado pessoal com o lado profissional. Mesmo a gente sendo irmão, quando se encontra, respeita a hierarquia da corporação", conta. Ele também afirma que os irmãos evitam deslizes para não atrapalhar a imagem do outro. "Nosso pai dizia: ‘quem está certo, não está errado'"


‘Se os três não estão juntos, não tem comemoração'

A ligação entre os irmãos Visgueira é muito forte. "Se os três não estão juntos, não tem comemoração", diz o mais velho do trio, sargento José Francisco. Raimundo Nonato e João Batista casaram em datas parecidas e tiveram filhos no mesmo dia - 26 de setembro de 2009. José é padrinho dos dois.

Quando a reunião é com a família toda, então, falta espaço. "Somos 11 irmãos. Todo mundo casado, já sobe para 22. Cada um tem dois, três filhos, já são 66 pessoas", brinca o sargento. Os três irmãos já chegaram até a se encontrar no meio de uma ocorrência. "E rola tudo naturalmente", garante José.

Para o sargento dos bombeiros, não há um salvamento que tenha marcado mais sua carreira. "Cada ocorrência tem sua recompensa, que é o reconhecimento da população", diz. Raimundo, soldado da Polícia Militar, participou, nesta semana, da prisão de três acusados de dirigirem um carro roubado. Os irmãos Visgueira posaram para foto com autorização dos seus superiores a pedido do Diário.




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