Não tem carinho nem beijo no rosto. E o refrão não é grudento para adolescente cantar na balada. A sonoridade é suja, sem recalques e poderosa, e as músicas são ilustradas por letras que apontam mazelas da sociedade, criticam a obsessão religiosa e diversas outras coisas. É o Giallos, trio roqueiro de Santo André, que dá vida ao seu segundo trabalho autoral, Amor Só De Mãe. Na contramão do que dita o mercado, lança o trabalho em fita K7 (Transfusão Noise Records, R$ 20).

Na batalha da música independente, o Giallos é formado por Claudio Cox (voz, theremin, cassiotonefuzz), Flavio Lazzarin (bateria) e Luiz Eduardo Galvão (guitarra). Gravado no estúdio ao vivo, o álbum conta com dez músicas. Entre elas, está Açougue, faixa que abre o lado A da fita e “expõe essa obsessão louca pelo consumo, a inclusão social pelo consumo, ou seja, o consumidor sendo sinônimo de cidadão, sendo a sua própria mercadoria, comendo e sendo devorado ao mesmo tempo e sem perceber (sendo manipulado?) ou sem querer perceber, quem sabe?”, reflete Cox.

Sem medo de ousar e experimentar sonoridades e andamentos diferentes, e regado com muito timbre grave, o Giallos oferece batucada em Eles e promove improvisos em Movimento. Já Pombo Pomba fala da religião como base para manipulação. “O laicismo é um dos maiores bens que a humanidade pode ter, ou seja, cada grupo tem as suas liberdades de crenças asseguradas desde que elas não interfiram nas liberdades dos outros grupos”, diz o artista.

Enquanto o novo CD não fica proto, o Giallos segue fazendo o que acredita. O primeiro disco, ¡Contra!, saiu em vinil e K7, e Amor Só de Mãe segue o mesmo caminho. “Hoje, os lançamentos de música em vinil no mundo estão batendo recordes, estão para inaugurar uma fábrica em São Paulo. Acredito que o K7 vá pelo mesmo caminho. Esse agora estamos fazendo com uma tiragem maior, na primeira edição são 60 cópias. Parece pouco, mas é um nicho crescente.” Para comprar o álbum é possível fazer pedido na página do Giallos no Facebook ou nos shows. A banda toca em Santo André, dia 30, às 19h, no Red Light Duplex (Rua Senador Flaquer, 845). A entrada custa R$ 30.