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Lixo jogado na rua vai para piscinão
Evandro Enoshita
Diário do Grande ABC
13/01/2010 | 07:52
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Milhares de garrafas PET, restos de construção, móveis e brinquedos tomavam, na tarde de ontem, uma das margens do piscinão Corumbé, no Jardim Zaíra, em Mauá. O material, carregado pelas chuvas dos últimos dias, acabou encontrando no reservatório sua destinação final.

Um dos pontos de partida desse material está a menos de 100 metros do piscinão. Às margens de um córrego, diversas pilhas de lixo se acumulam próximo a uma placa que proíbe o descarte no local.

"O grande problema é a pobreza de espírito das pessoas que jogam lixo de qualquer jeito. A gente reclama, coloca placa proibindo, mas ninguém respeita, o que acaba contribuindo para as inundações", contou a pedagoga Daiane Romero, 27 anos, que, mesmo morando próximo ao piscinão é vítima constante das enchentes.

A situação se repete nos outros três piscinões da cidade: Jardim Sônia Maria, Petrobrás, e Paço Municipal. Em todos eles é possível notar pontos de acúmulo de lixo.

Para os operários que trabalham na limpeza desses reservatórios de águas pluviais, qualquer luta contra a torrente de detritos é em vão. Eles esperam o nível das águas baixar para retirar toneladas de detritos, para que, na próxima chuva, os piscinões voltem a se encher de lixo.

A existência de grandes quantidades de dejetos nos piscinões torna-se ainda mais grave no verão. Como a limpeza segue uma rotina que acompanha a incidência de chuvas, o maior índice pluviométrico da estação força a redução na frequência e impede a imposição de prazos constantes para a realização do serviço.

ABANDONO - Na vizinhança do piscinão Jardim Sônia Maria, se não bastasse o problema com ratos e baratas, há cerca de dois meses um grupo de sem-teto invadiu a construção que servia de abrigo ao vigia do local.

"A gente fica com muito medo porque são pessoas estranhas (à vizinhança)", afirmou uma oficial de cozinha de 41 anos que preferiu não se identificar.

Os ocupantes da casa reagiram de forma hostil à presença da reportagem no bairro. Aos berros e com palavras de baixo calão, eles expulsaram a equipe do local durante a visita.

Questionados sobre a responsabilidade de segurança do piscinão, tanto a Prefeitura de Mauá quanto o Daee (Departamentos de Águas e Energia Elétrica), do governo estadual, não se manifestaram.

 

Apesar de vizinha de equipamento, moradora é vítima das águas

 

Apesar de morar a menos de 200 metros do piscinão Corumbé, no Jardim Zaíra, em Mauá, a pedagoga Daiane Romero, 27 anos, conta que sempre tem a residência invadida pelas enchentes.

"Mesmo com o piscinão, a água chega a invadir o terreno da minha casa. Na chuva da sexta-feira, o nível da água chegou a cerca de 30 centímetros. Já reclamei várias vezes disso para a Prefeitura, mas ninguém resolveu nada", destacou Daiane.

Moradora da Rua Rodolfo Passin há mais de 20 anos, a pedagoga mostra um ar de conformismo. Segundo ela, a situação ainda é melhor do que antes da construção do reservatório há oito anos. "Antes, a enchente era terrível. A água chegava a atingir um metro e meio de altura", afirmou.

Entregue em junho de 2002, o reservatório tem capacidade de suportar volume de 105 mil metros cúbicos de água, conforme dados da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo.




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