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Frequentadores de quermesse apavoram Vl.Rica
Evandro De Marco
Evandro Enoshita
08/06/2010 | 08:08
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No lugar da alegria, medo. Isso é o que sentem os vizinhos da Paróquia Mãe de Deus e dos Órfãos, na Vila Rica, em Santo André, onde, na noite de anteontem, o ajudante Enéas de Sá Francisco, 24 anos, foi assassinado a tiros, a poucos metros da igreja. A vizinhança reclama das brigas entre frequentadores, do som alto, e do tumulto causado pelos visitantes do evento nas ruas do bairro.

"Quase ninguém do bairro frequenta mais a festa. A gente fica com medo de sair de casa. De uns anos para cá, a quermesse é um problema. Muita gente estranha fica até de madrugada em frente as casas fazendo bagunça e estouros com o escapamento das motos", comentou o porteiro Claudinei Marques de Souza, 32 anos.

A confusão chegou ao ponto de uma dona de casa de 48 anos, moradora da Vila Rica há cinco, defender o fim da festa popular. "Acho que essa quermesse tem que acabar. A bagunça é tanta que a gente não pode sair de casa nem assistir TV sossegada. No domingo, tinha um casal tendo relações sexuais na porta da minha casa."

Para a vizinhança, um dos principais problemas é o horário da celebração, que tem início às 18h30 e se encerra às 22h. A festa termina, mas os frequentadores continuam aquartelados nas ruas do bairro madrugada adentro, de acordo com os relatos. Segundo os moradores, a solução seria a mudança nos horários da quermesse para o período da tarde.

Uma dona de casa de 52 anos que preferiu não se identificar, moradora da Rua Diogo Leite, disse que perdeu a conta do número de vezes que a vizinhança foi reclamar com o pároco da igreja sobre os problemas causados pela quermesse. "Ele diz que a festa é necessária para a paróquia, que a festa não é o problema e que não pode fazer nada em relação ao comportamento dos frequentadores", disse.

O padre Francisco Tolvi - responsável pela Igreja - foi procurado pelo Diário, mas não quis comentar o caso.

GCMs são suspeitos de participação no crime

Guardas Civis Municipais são investigados pela morte de Enéas de Sá Francisco, 24 anos, assassinado na noite de anteontem ao deixar a quermesse da Vila Rica, em Santo André. Francisco foi o único sobrevivente de uma chacina ocorrida no Centro Comunitário Cata Preta em 2002, quando três jovens foram mortos. A suspeita era de envolvimento dos agentes nas execuções, devido a uma suposta discussão dias antes do crime.

A família de Francisco disse à polícia que, desde então, ele integrava o Programa de Proteção a Testemunhas. O julgamento, que aconteceria em fevereiro, foi remarcado para março de 2011.

Em 2004, Francisco foi detido duas vezes: uma delas por porte de maconha e outra por adulteração do número do chassi de uma moto.

A Corregedoria da Guarda Civil alegou que também apura o caso, mas que não há provas do envolvimento dos guardas. "A ação deles é hipótese importante que precisamos investigar, mas é cedo para afirmarmos alguma coisa", avalia o delegado do Setor de Homicídios, Luiz José Polastre, que investiga a morte de Francisco.




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