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Zeca Baleiro, Rita Ribeiro e Tião Carvalho em Sto.André
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
28/04/2004 | 19:21
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A cultura popular ganha espaço no Sesc Santo André. Por meio do projeto Recorte Popular, o público da região poderá assistir a três shows diferentes, um filme de curta-metragem e uma exposição fotográfica inédita. A primeira atração é o espetáculo que reúne os maranhenses Zeca Baleiro, Rita Ribeiro e Tião Carvalho, do grupo Cupuaçu, no sábado (1º), às 21h. Os ingressos, com preços de R$ 5 a R$ 14, já estão à venda.

Rita Ribeiro será a primeira a subir ao palco e trará à região as músicas de seu novo projeto, Tecnomacumba. “É uma fusão da tecnologia com a cultura popular”, diz Rita. O trabalho também é resultado de uma pesquisa que levou a cantora a vários terreiros de umbanda: “O que me chamou a atenção é que há dois catalisadores de energia, a música e a dança. São elas, juntas, que provocam o transe. Por isso, fiz um paralelo dessa realidade com a das pistas, independentemente do fator religião”.

De forma proposital, a maranhense funde essa música às canções de grandes autores da MPB. “Domingo 23, do Jorge Ben Jor, por exemplo, tem um ponto de Ogum no meio”, afirma. Outros exemplos em Tecnomacumba são Rainha do Mar (de Dorival Caymmi), Iansã (Caetano Veloso/Gilberto Gil) e Divino, dela e de Baleiro.

No palco, a artista contará com percussão orgânica (de Juninho Duvale) e eletrônica (de Tônio Monteiro), além de banda completa. O cenário, com projeções, terá imagens de elementos da natureza, numa alusão à força dos orixás.

Crioula – A “ponte” entre o show de Rita e do colega Zeca será responsabilidade de Tião Monteiro, líder do grupo Cupuaçu. A promessa é que ele leve ao palco o tambor de crioula, muito forte na cultura popular maranhense. “O tambor de crioula é um ritmo complexo, difícil, executado com tambores rústicos feitos de madeira, com tamanhos e sons diferentes. É uma quebradeira louca!”, diz Baleiro.

Ele explica, ainda, que essa manifestação permaneceu por muito tempo nos guetos e festas religiosas do interior do Maranhão; foram as gravações dessa música que a levaram ao conhecimento das pessoas nas cidades. O grupo Cupuaçu tem sua sede no Morro do Querosene, em São Paulo, e trabalha primordialmente o bumba-meu-boi maranhense.

“Eu não faço, por exemplo, um bumba-meu-boi legítimo, mas lanço meu olhar sobre esse universo da cultura popular maranhense”, diz. Assim, classifica sua música Serpente como “um bumba-meu-boi psicodélico”.

O show terá como base Pet Shop Mundo Cão, seu mais recente CD solo. Dele, haverá músicas como Despedi o Meu Patrão – significativa em um 1º de maio –, Filho da Véia e Um Filho e um Cachorro. Do álbum gravado com Fagner, cantará o hit Palavras e Silêncio. Mas ele promete tocar canções de todos os seus CDs.

No próximo dia 8 o projeto Recorte Popular terá o show do Grupo de Batuque e Congada de Tietê; a exibição do documentário média-metragem Nobreza Popular (de Beth Formaggini e Luís Felipe Sá, sobre a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Vale do Jequitinhonha) e a abertura da exposição fotográfica Majestade Negra, da fotógrafa Mônica Canejo e da antropóloga Vanda SIlva. As imagens foram captadas há dois anos em Chapada do Norte, também no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.

O projeto termina no dia 18, com um show de bambas que formam o grupo Terrêro de Jesus e fazem uma interpretação jazzística de pontos do candomblé.

Recorte Popular – Show de abertura com Zeca Baleiro, Rita Ribeiro e Grupo Cupuaçu. Sábado (1º), às 21h. No Sesc Santo André – r. Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Ingr.: R$ 14, R$ 10 (usuário matriculado), R$ 7 (idosos e estudantes) e R$ 5 (comerciários).




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