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Estado libera R$ 300 mi para Jardim Santo André
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
05/02/2011 | 07:39
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O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), e o secretário estadual de Habitação, Silvio Torres, firmaram ontem acordo de R$ 300 milhões para a execução de obras nas áreas de risco do Jardim Santo André. Torres, que também preside a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), revelou que o governo do Estado irá construir 2.000 unidades habitacionais para famílias removidas das áreas de maior periculosidade daquela região.

O início das intervenções depende da consolidação do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) definitivo e do aval do Ministério Público. "A expectativa é que a definição do termo seja feita ainda antes do Carnaval", acredita o chefe do Executivo.

O passo seguinte será a realização de processo licitatório para a escolha da empreiteira que irá executar as obras. Segundo Torres, o prazo final para a conclusão do projeto é de aproximadamente três anos.

A Prefeitura de Santo André informa que 2.200 famílias ainda precisam ser retiradas do entorno do Jardim Santo André. De acordo com a administração municipal, 1.800 famílias já deixaram os imóveis. Aidan ressalta que irá aguardar a definição do TAC para fazer o anúncio das desapropriações.

"Não queremos fazer nada precipitado para não gerar comoção na população local. Geralmente, ninguém quer deixar sua casa", comenta. "A nossa intenção é evitar o transitório", acrescenta o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Frederico Muraro Filho.

O presidente da CDHU informa que, além das novas unidades habitacionais e da retirada das famílias, serão feitas obras de reurbanização, saneamento básico, reposição da vegetação e construção de áreas de lazer. "O Jardim Santo André será um modelo nacional de investimentos em habitação", promete Torres.

O acordo anunciado ontem é a segunda fase do projeto na região. Em agosto do ano passado, foi firmado TAC preliminar com a companhia para regularizar casas nas glebas 1, 2 e 4 do bairro. Os 2.600 imóveis destas áreas estão recebendo escritura.

HISTÓRICO
A região do Jardim Santo André tem áreas com elevado risco de deslizamento. Em janeiro do ano passado, o pedreiro Antônio Soares Ribeiro, 47 anos, morreu soterrado. Ele morava sozinho em um barraco que desabou após ser arrastado pela correnteza. Na ocasião, pelo menos 20 famílias foram retiradas das redondezas.

No mês passado, o bairro foi atingido por outro escorregamento de terra, desta vez, sem vítimas.

Diadema busca área para 900 famílias 

A Prefeitura de Diadema busca terrenos para abrigar aproximadamente 900 famílias que vivem às margens da Rodovia dos Imigrantes. O anúncio foi feito ontem, durante reunião entre o prefeito Mário Reali (PT) e o secretário estadual de Habitação, Silvio Torres, que também preside a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

A primeira reunião entre técnicos da administração e da companhia para tentar buscar uma solução será na quarta-feira.

Segundo o chefe do Executivo, atualmente, 1.100 famílias habitam de forma irregular áreas próximas ao traçado da rodovia, que pertencem à Ecovias (concessionária que administra a via).

"A necessidade da remoção se dá pelo risco geológico, como deslizamentos, e a segurança rodoviária", explica Mário Reali.

O prefeito informa que não irá retirar os moradores antes da definição de um local para abrigá-los. "Como estas áreas não têm risco iminente, as desapropriações não são tão urgentes, por enquanto." Nesta semana, a Prefeitura removeu 18 famílias do Jardim Ruyce, onde um incêndio ocorrido no dia 2 de janeiro destruiu 23 barracos. As famílias estão em um ginásio de esportes.

O presidente da CDHU garantiu que irá ajudar a administração municipal com recursos para a construção de conjuntos de moradias. "Nós assumiremos a responsabilidade pelos custos do terreno. Cabe à Prefeitura buscar também recursos do governo federal", informa Torres.

Reali, que segunda-feira assume a presidência do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, diz que irá buscar soluções integradas para acabar com o deficit habitacional, que, segundo ele, é de cerca de 4.000 casas em Diadema. "Temos de buscar soluções conjuntas. Um município pode ajudar o outro."

OUTRAS CIDADES
Após encontros com Reali e com o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), Torres anunciou que marcará reuniões com os outros prefeitos da região para buscar soluções para a falta de moradias. A conversa com o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), deve ser feita na próxima semana. No município, seis pessoas já morreram por conta das chuvas desde o início do ano.

Rodovia já não incomoda os moradores 

O barulho e a poluição causados pelo fluxo intenso de veículos na Rodovia dos Imigrantes já não incomodam os moradores do Jardim Ruyce, comunidade instalada às margens da via que liga a Capital à Baixada Santista. Os residentes dizem já ter se acostumado com os vizinhos barulhentos.

"No começo eu tinha muita dificuldade para aguentar, não conseguia dormir. À noite, deixava tudo fechado para amenizar o ruído. Hoje já nem ligo mais", conta a aposentada Antônia Tessila, 66 anos. Questionada sobre a poluição, ela não manifesta queixas. "Poluição tem em todo lugar, não é só aqui".

Apesar de ter se acostumado com o local, a aposentada confessa ter vontade de se mudar. "Todo mundo quer ir para um lugar melhor, né? É normal. Mas não quero que me tirem daqui sem que eu tenha para onde ir", conta Antônia, que reside no local há seis anos.




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