Apesar da nova fábrica, a linha de produtos permanece a mesma: as famílias de caminhões F e Cargo, além da picape F-250. O setor de automóveis continua produzindo os modelos Ka e Fiesta.
Segundo a empresa, três fatores nortearam a mudança de endereço:
1) a sinergia nas operações entre caminhões e automóveis;
2) a racionalização do sistema de produção, com uma área mais ampla e instalações mais modernas; e
3) a adoção de novos processos produtivos.
“Nós poderemos, por exemplo, utilizar o mesmo sistema de pintura dos automóveis para os caminhões, com ganhos expressivos na qualidade do acabamento”, disse o gerente de manufatura de caminhões, Rubens Cella.
A transferência da fábrica foi cercada de obstáculos. O primeiro deles era o destino dos 1.120 funcionários do Ipiranga. Após diversas quedas-de-braço com o sindicato, a Ford conseguiu negociar o afastamento de 420, que entraram em um programa de demissões voluntárias, com compensações para cada ano de casa. “Além disso, a maioria dos que estão sendo transferidos já mora no Grande ABC”, acrescentou Cella.
Outro desafio para a Ford foi transportar os equipamentos de uma planta para a outra, uma operação inédita para a companhia em todo o mundo. Após um detalhado planejamento, a operação foi concluída com sucesso, e com um semana de adiantamento em relação ao prazo original. Para a mudança foram necessárias mais de 400 viagens de equipamentos. A linha do Ipiranga já havia sido modernizada, com investimentos que consumiram US$ 150 milhões.
O galpão utilizado para a planta de caminhões estava desativado desde a dissolução da Autolatina – empresa que uniu a Ford e a Volkswagen nos anos 80. Após a reforma da estrutura do prédio, os equipamentos do Ipiranga foram alojados de forma a manter uma linha de montagem conhecida no jargão das montadoras como clean, ou limpa.
Os componentes dos veículos ficam dispostos em espécies de prateleiras, como em um supermercado, e são conduzidos à linha em modelos de carrinhos que se assemelham aos utilizados nos Extra e Carrefour. O resultado é um processo de organização com ganhos de tempo e que evita desperdícios. “Essa disposição é importante, pois os caminhões têm em média 6 mil componentes, enquanto que os carros utilizam 3 mil”, lembra Cella.
Esse reordenamento da produção foi decisivo na opção de transferência, já que a unidade de São Paulo estava atrofiada. “Não tínhamos espaço para ampliações na antiga fábrica para uma linha como essa”, afirmou Cella. Além das facilidades físicas, a união dos caminhões e carros facilita a vida dos fornecedores. “Temos o mesmo fornecedor de bancos, por exemplo, para as duas linhas”, completou.
Além das dificuldades de logística, a unidade de São Paulo também passou a enfrentar um agravante inesperado: as reclamações de vizinhos com o barulho da fábrica e o entra-e-sai de caminhões. A área será colocada à venda.
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