O homem que o Ocidente agora odeia foi ajudado pelos próprios ocidentais em sua aventura militar contra o Irã. Ao invadir o Kuwait, Saddam Hussein converteu o Iraque, berço da civilização, em um país empobrecido e fora-da-lei, apesar de suas fabulosas riquezas.
Dentro de um culto à personalidade igual ao de Mao e dos dirigentes soviéticos, Saddam Hussein não hesita em comparar-se ao rei babilônico Nabucodonosor ou a Saladino, que libertou Jerusalém dos Cruzados em 1187. Um homem que tanto se dedicou a concentrar o poder entre suas mãos jamais aceitará ir para o exílio.
Apesar de resignar-se com a destruição dos mísseis Al Samud 2 sob a presão da ONU, Saddam não parece, em compensação, ter a intenção de abandonar o controle do país, onde seu partido, o Baath, onipresente, o fez ser reeleito, em outubro passado, com 100% dos votos.
A vida foi uma longa corrida de obstáculos para este camponês que não conheceu seu pai e foi adotado por seu tio materno. Saddam Hussein, que conduziu o Iraque de 1980 a 1988 em uma sangrenta guerra contra o Irã e sofreu uma derrota na Guerra do Golfo, em 1991, conhece a arte da sobrevivência, afirmam os analistas. Ele conseguiu firmar sua autoridade em inúmeros batismos de fogo.
Os Estados Unidos inundaram Bagdá de bombas e mísseis em dezembro de 1998. Outros mísseis caíram em 1993 e 1996, mas em todas as ocasiões ele deu a volta por cima cantando vitória. Em 1998, Washington e Londres pretendiam castigá-lo por ter resistido ao processo de desarmamento. As duas capitais acalentaram a esperança de vê-lo derrubado por um levante interno, mas o homem soube superar qualquer tentativa de revolta.
Saddam Hussein arrasou uma revolta no sul xiíta e no norte curdo durante a Guerra do Golfo, depois de fazer seu nome, em sua juventude, tentando assassinar o presidente Abdel Karim Qassem, em 1959.
Ferido na perna, fugiu do Iraque para regressar quatro anos mais tarde, antes de ser enviado para a prisão, em 1964, de onde fugiu para voltar a trabalhar de forma clandestina para o Partido Baath.
Participou, em 1968, do golpe de Estado que levou o Baath ao poder e que marcou o início de sua ascensão até virar o homem-forte do regime do presidente Ahmed Hassan Al-Bakr.
Vice-secretário-geral do partido, Saddam Hussein se converteu, em 1969, no vice-presidente do Conselho de Comando da Revolução (CCR), a mais alta instância do país, e não deixou de reforçar seu poder sob a asa da presidência.
Número 1 desde 16 de julho de 1979, Saddam acumula os cargos de chefe de Estado, secretário-geral do partido e presidente do CCR.
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