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Saddam Hussein, o herói dos muçulmanos
Da AFP
20/03/2003 | 03:36
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Depois de três décadas no poder, o presidente iraquiano Saddam Hussein, 65 anos, considerado um tirano no Ocidente, enfrenta os poderosos Estados Unidos em um último combate por sua sobrevivência, que deve reforçar ainda mais sua dimensão de herói árabe. O homem-forte de Bagdá, convencido de seu lugar na História, manifestou-se determinado a morrer em seu país.

O homem que o Ocidente agora odeia foi ajudado pelos próprios ocidentais em sua aventura militar contra o Irã. Ao invadir o Kuwait, Saddam Hussein converteu o Iraque, berço da civilização, em um país empobrecido e fora-da-lei, apesar de suas fabulosas riquezas.

Dentro de um culto à personalidade igual ao de Mao e dos dirigentes soviéticos, Saddam Hussein não hesita em comparar-se ao rei babilônico Nabucodonosor ou a Saladino, que libertou Jerusalém dos Cruzados em 1187. Um homem que tanto se dedicou a concentrar o poder entre suas mãos jamais aceitará ir para o exílio.

Apesar de resignar-se com a destruição dos mísseis Al Samud 2 sob a presão da ONU, Saddam não parece, em compensação, ter a intenção de abandonar o controle do país, onde seu partido, o Baath, onipresente, o fez ser reeleito, em outubro passado, com 100% dos votos.

A vida foi uma longa corrida de obstáculos para este camponês que não conheceu seu pai e foi adotado por seu tio materno. Saddam Hussein, que conduziu o Iraque de 1980 a 1988 em uma sangrenta guerra contra o Irã e sofreu uma derrota na Guerra do Golfo, em 1991, conhece a arte da sobrevivência, afirmam os analistas. Ele conseguiu firmar sua autoridade em inúmeros batismos de fogo.

Os Estados Unidos inundaram Bagdá de bombas e mísseis em dezembro de 1998. Outros mísseis caíram em 1993 e 1996, mas em todas as ocasiões ele deu a volta por cima cantando vitória. Em 1998, Washington e Londres pretendiam castigá-lo por ter resistido ao processo de desarmamento. As duas capitais acalentaram a esperança de vê-lo derrubado por um levante interno, mas o homem soube superar qualquer tentativa de revolta.

Saddam Hussein arrasou uma revolta no sul xiíta e no norte curdo durante a Guerra do Golfo, depois de fazer seu nome, em sua juventude, tentando assassinar o presidente Abdel Karim Qassem, em 1959.

Ferido na perna, fugiu do Iraque para regressar quatro anos mais tarde, antes de ser enviado para a prisão, em 1964, de onde fugiu para voltar a trabalhar de forma clandestina para o Partido Baath.

Participou, em 1968, do golpe de Estado que levou o Baath ao poder e que marcou o início de sua ascensão até virar o homem-forte do regime do presidente Ahmed Hassan Al-Bakr.

Vice-secretário-geral do partido, Saddam Hussein se converteu, em 1969, no vice-presidente do Conselho de Comando da Revolução (CCR), a mais alta instância do país, e não deixou de reforçar seu poder sob a asa da presidência.

Número 1 desde 16 de julho de 1979, Saddam acumula os cargos de chefe de Estado, secretário-geral do partido e presidente do CCR.




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