Este é o último show do grupo programado para este ano. "Por isso, tem de ser especial. Vou comemorar meus 15 anos de pesquisa sobre a cultura cigana e abrirei o espetáculo com uma homenagem ao grande Antonio Gades", afirma a bailarina Priscila Cardoso, 27 anos, líder da Cia de Fuego.
Gades (1936-2004), célebre bailarino e coreógrafo espanhol, desenvolveu e encenou a famosa trilogia cigana formada pelos filmes Bodas de Sangue (1981), Carmem (1983) e Amores Bruxos (1986). Para homenageá-lo, Priscila reservou a abertura do show com a execução de Carmem, de Bizet. "Entro toda vestida de vermelho, dançando com meu parceiro de palco, Hugo Almansa", diz.
Em seguida ela inicia a participação da banda Espírito Cigano, que faz uma espécie de cover do grupo Gipsy Kings. No repertório estarão músicas como Volare, A mi Manera, Baila me e Bamboleo, interpretadas pelos bailarinos da Cia de Fuego.
Projetos - "Pesquiso a cultura cigana há 15 anos. Os espetáculos que faço são para difundir essa cultura e tentar minimizar os preconceitos contra ela", afirma Priscila. Em julho deste ano, no Teatro Municipal de Santo André, ela apresentou Caminhos Ciganos, sobre a trajetória desse povo pelo mundo e no Brasil: "Infelizmente, por falta de patrocínio, não consigo repetir esse espetáculo, que reúne pelo menos 30 artistas da dança, música, teatro e circo."
E a luta de Priscila tem sido árdua há oito anos de dedicação exclusiva. "Viver de arte não é fácil", diz. Seus atuais projetos são a manutenção de um site (www.priscilacardoso.com.br) e a preparação da ONG Apreci (Associação de Preservação da Cultura Cigana), da qual será diretora cultural.
Para o próximo ano, ela pretende realizar um festival nacional com artistas ciganos em São Paulo, além de conseguir finalizar seu documentário sobre a vida desse povo nômade no Brasil. "É muito difícil um não cigano ser aceito pelos ciganos. Eles são muito fechados. E eu, que não sou cigana, fico muito feliz quando ouço deles: 'Lá vem nossa artista'", conclui Priscila.
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