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Hospitais da região
previnem abandono
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
26/09/2011 | 07:30
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Os hospitais da região têm métodos de prevenção para evitar o abandono de bebês após o nascimento. Equipes multiprofissionais, compostas por médicos, assistentes sociais e psicólogos, atuam desde o início do pré-natal ou no momento em que a mãe se registra para o parto. Mesmo assim, não conseguem evitar todos os casos.

Em São Bernardo, 22 recém-nascidos no Hospital Municipal Universitário foram enviados para abrigos neste ano. Em Santo André, houve dois casos de abandono nos últimos três anos no Hospital da Mulher. Além desses, houve casos de mães que não poderiam ficar com os filhos por serem viciadas em drogas ou moradoras de rua. O hospital, porém, não informou o número exato de crianças enviadas para abrigos por esses motivos.

No HMU, mães com estes problemas representam a maioria dos casos de abandono. "Elas chegam fragilizadas. Muitas vezes são moradoras de rua ou têm vícios. Não podem cuidar nem de si mesmas, quanto mais dos bebês", afirmou a assistente social Adair Machado.

A pediatra e neonatologista do hospital Cibele Lebrão explicou que diversas ações são desenvolvidas para que os bebês permaneçam com a família. Entre as iniciativas está a criação de vínculo incentivada pelo aleitamento materno e método mãe-canguru - o alojamento conjunto de mãe e bebê -, o atendimento da rede social do município e a busca da matriz familiar. "Quando a mãe pretende abandonar o bebê, tentamos localizar um familiar que possa apoiá-la ou mesmo ficar com a criança."

Em Santo André funciona da mesma forma. Segundo a assistente social do Hospital da Mulher Michela Domingos de Oliveira, é importante reforçar os laços familiares. "Além disso, a mãe deve ter acompanhamento psicológico, pois a gravidez mexe com a mulher como um todo." 

REGIÃO
As demais cidades da região não registraram casos de abandono neste ano, com exceção de Mauá e Rio Grande da Serra, que não responderam.

A Prefeitura de São Caetano destacou que realiza trabalho preventivo desde o pré-natal, com estímulo ao vínculo entre mãe e bebê.

Em Diadema, a gestante que manifesta algum indício de que deseja abandonar a criança só recebe alta médica com a presença de algum membro da família.

 

Quatro bebês são achados nas ruas em 2011 

Apenas neste ano, quatro bebês foram abandonados nas ruas do Grande ABC. Destes, três casos ocorreram no mês de maio e um em agosto. No último ano, foram registrados ao menos 20 casos de abandono de crianças no Estado.

Na região, o primeiro deles aconteceu no dia 7 de maio, quando um recém-nascido foi encontrado morto no aterro sanitário Lara, em Mauá. Segundo a Polícia Militar, o bebê estava sem a perna esquerda e com ferimentos no crânio e no ventre. A pessoa que abandonou o bebê não foi identificada.

No dia 12 do mesmo mês, um catador de lixo encontrou o corpo de um bebê dentro de um saco plástico enrolado em uma toalha, no Parque Santo Antônio, região da Paulicéia, em São Bernardo. Com o cordão umbilical e a placenta, já sem vida e ensanguentada, a criança estava nos fundos do posto de combustíveis que fica nas proximidades do anel viário metropolitano.

Dois dias depois, um recém-nascido foi achado dentro de uma sacola plástica na varanda de uma casa em Rio Grande da Serra. A criança, do sexo masculino, estava com o cordão umbilical. Ela está em abrigo da cidade e a polícia pediu o exame de DNA dos quatro moradores da casa onde o bebê foi encontrado.

Em 21 de agosto, um recém-nascido do sexo masculino foi achado dentro de uma mochila abandonada, atrás de uma quadra de futebol, no pé de um barranco localizado na Rua Raul Seixas, no Jardim Columbia, em Mauá. A polícia não identificou quem teria deixado a criança ali. 

LITORAL
Além dos casos no Grande ABC, houve ainda o bebê do sexo feminino abandonado numa caçamba de lixo na Praia Grande, no litoral paulista, no dia 18 de abril. A tia da criança, moradora de Mauá, recebeu a guarda provisória após análise feita pelo Conselho Tutelar da cidade onde ela foi encontradaCW-20.

A menina, que era chamada de Vitória pelos médicos e outros funcionários do Hospital Irmã Dulce, onde ficou internada, recebeu o nome de Maria Eduarda, segundo os familiares.

 

Para evitar casos, é preciso haver rede de auxílio à gestante 

Para o ex-conselheiro tutelar de São Bernardo e especialista em infância e juventude Sérgio Linhares Hora, é possível prevenir os casos de abandono de bebês, tanto nas ruas quanto em hospitais. Para isso, é necessário que, desde o pré-natal, a gestante tenha conhecimento das redes de auxílio disponíveis em sua cidade. "E essas redes precisam funcionar, efetivamente."

Hora afirmou que muitas mães recebem os benefícios disponíveis, mas às vezes o que falta é uma palavra em um momento difícil. "Por isso é importante que a gestante seja acompanhada desde o pré-natal por uma equipe multriprofissional, composta por psicólogos e assistentes sociais, além dos médicos."

Para os casos em que se percebe que a mulher pretende abandonar a criança, é necessário, na opinião do especialista, acionar a família. "Muitas vezes a mãe não quer ficar com o filho, mas há alguém na família disposto a criá-lo", afirmou Hora.

Para o ex-conselheiro, é preciso evitar a todo custo que a criança vá para o abrigo. "A experiência me mostrou que esse processo é muito longo e burocrático, o que leva a criança a passar anos no abrigo, sem a oportunidade de ter um lar", afirmou.

Por outro lado, a Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo pretende lançar ainda neste ano cartilha para alertar sobre a entrega legal e responsável de bebês nas Varas de Infância e Juventude. Acredita-se que assim os casos de abandono de crianças nas ruas será reduzido.




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