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Motogirl acusa policial de extorsão
Fernanda Borges
Do Diário do Grande ABC
04/08/2010 | 07:13
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A motogirl Érica Francisca dos Santos, 27 anos, afirma ser vítima de abuso de autoridade e tentativa extorsão por parte de uma policial da 2ª Companhia do 41º BPM (Batalhão de Polícia Militar) de Santo André. A corporação mantém um posto dentro do 6º DP (Distrito Policial), localizado na Vila Mazzei. Segundo Érica, tudo começou no dia 3 de fevereiro por conta de uma pizza.

"Faço entregas regularmente para uma pizzaria nas redondezas da companhia. Um dia fui abordada pela policial, que me pediu uma encomenda de graça", lembra. Segundo Érica, ao chegar no estabelecimento, informou a proprietária sobre a solicitação da agente. "Minha chefe disse que não ficaríamos fazendo entregas sem receber, e não voltei mais. No turno seguinte, a policial me parou de novo e disse que iria me multar caso não recebesse a pizza."

Dias depois, segundo a motogirl, as ameaças foram concretizadas. "Recebi a primeira infração sobre falta de uso de capacete cerca de 20 dias depois da primeira abordagem. Iria pagar sem problemas, mas em seguida chegaram outras três, sendo que uma é referente a estacionamento irregular. Todas na Rua Sigma e com horários próximos", conta Érica.

Assustada, a motogirl decidiu procurar ajuda. "Contratei uma advogada e fomos até o 41º BPM para fazer denúncia contra a policial. Lá, fiz o reconhecimento por fotos", conta. Segundo Érica, o agente que registrou a ocorrências disse que, caso comprovado o abuso de autoridade, a policial seria punida. "No entanto, a sanção seria apenas a mudança de batalhão. A maior prejudicada no caso fui eu, que terei que arcar com as multas."

Mesmo depois de denunciar o caso, mais notificações chegaram. "Passei novamente na frente da delegacia e a policial me parou. Eu disse que estava tomando providências e ela garantiu que outras três multas seriam enviadas. No início do mês passado, chegaram e não sei onde isso vai parar."

Ao todo, foram sete multas - seis consideradas gravíssimas, no valor de R$ 191,54, e outra classificada como grave, de R$ 127,69. A dívida é de cerva de R$ 1.400.

A motogirl procurou um posto do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para recorrer das infrações na semana passada e terá que aguardar 30 dias pelo resultado. "O meu maior medo é perder a habilitação, já que o trabalho como entregadora é o meu ganha-pão", desabafa.

Para a proprietária da pizzaria onde Érica trabalha, Maira Marinho, 29, a motogirl está sendo vítima de perseguição. "É um absurdo o que está ocorrendo, pois tenho certeza absoluta de que ela não anda sem capacete por aí. O uso de equipamentos de segurança, inclusive, é uma das exigências do meu estabelecimento", ressalta. "O pior é que outro motoboy que trabalha na pizzaria já foi chamado pela mesma policial e ameaçado. Daqui a pouco, todos eles vão começar a receber multas sem cometer nenhuma infração, apenas por não entregarem pizzas de graça."

A advogada Patrícia Marques, que defende Érica, afirmou que vai processar o Estado. "Vamos entrar com uma ação ainda nesta semana por danos morais e assédio, além de abuso de autoridade. Não queremos apenas a punição da policial, mas também reaver os prejuízos morais e financeiros sofridos."

Procurada, a Seção de Justiça e Disciplina do 41º BPM confirmou que recebeu a denúncia e que foi aberta sindicância para apurar os fatos. Caso seja comprovado o abuso de autoridade por parte da agente, será aberto um IPM (Inquérito Policial Militar) e as devidas sanções serão aplicadas. No entanto, não há prazo para conclusão da investigação.




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