Setecidades Titulo
Espécies resistem ao crescimento urbano
Renata Gonçalez
Do Diário do Grande ABC
28/01/2004 | 21:54
Compartilhar notícia


Em meio à poluição, ao cinza urbano e aos pedidos de poda feitos pela população, a sibipiruna, as quaresmeiras e os ipês-amarelos são exemplos de árvores nativas da Mata Atlântica que sobreviveram na paisagem urbana de Santo André.

Esta é uma das primeiras conclusões feitas pelo Depav (Departamento de Áreas Verdes), que divulgou ontem resultados parciais do cadastramento das espécies localizadas em áreas públicas da cidade.

Na primeira etapa do projeto – que pretende transformar Santo André num “jardim botânico a céu aberto” – estão sendo cadastradas apenas árvores que estão sobre as calçadas. A Prefeitura estima que elas totalizam cerca de 40 mil unidades. De acordo com a arquiteta Tania Regina Nunes Vieira, gerente do Setor de Projetos do Depav, cerca de 15 mil árvores já foram cadastradas.

As sibipirunas representam quase 10% deste total, com 1.340 unidades já catalogadas. Um dos fatores que contribui para a abundância da árvore no ambiente urbano é seu rápido crescimento quando exposta à luz solar – ela atinge de 9 metros a 16 metros.

Por conta do trabalho de cadastramento, dezenas de sibipirunas adultas foram transplantadas para o Paço Municipal de Santo André. A iniciativa do Depav teve como base o projeto original de jardinagem criado pelo paisagista Burle Marx, na década de 60, que previa o plantio deste tipo de árvore.

“Naquela época, o plantio de mudas não vingou. Já a transferência de sibipirunas adultas tem dado certo porque elas se adaptaram bem”, afirmou Tania.

Outras espécies nativas apontadas como abundantes pelo Depav sobre calçadas do município são as quaresmeiras roxas e os ipês-amarelos. A Prefeitura, no entanto, não informou quantas dessas árvores encontrou até agora.

No caso das quaresmeiras, a sobrevivência em meio ao asfalto pode ser explicada por um mecanismo de defesa próprio da espécie. Segundo a bióloga Waverli Neuberger, da Universidade Metodista de São Paulo, a quaresmeira, quando exposta à degradação, floresce mais do que duas vezes por ano. Isso gera mais sementes e aumenta as possibilidades de perpetuação.

Por outro lado, o censo também vem permitindo saber quais espécies nativas estão praticamente desaparecidas em Santo André. Como exemplo, Tania aponta goiabeiras, araçás e manacás, árvores mais presentes em reservas naturais da Mata Atlântica.

Colaboração – Sem dispor de uma equipe que saia exclusivamente para fazer vistorias na cidade, Tania ressalta a importância dos chamados recebidos no telefone de atendimento ao munícipe (0800-191944). “Entre 25 e 30 destes telefonemas são encaminhadas para o nosso departamento, e é por meio deles que saímos a campo”.

O Depav ainda não tem previsão de quando o trabalho deverá ser concluído. O objetivo é conhecer as espécies existentes em Santo André – incluindo as palmeiras, que serão cadastradas paralelamente –, e fazer um mapeamento das árvores. No futuro, o mesmo será feito nos parques e praças.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;