Nunes e Santo André chegaram a acordo ontem pela manhã e rescindiram o contrato entre as partes. O vínculo ia até junho, mas em razão das divergências do atacante com o técnico Pintado e a diretoria, decidiu-se pelo fim do compromisso. Revelado na base andreense, o centroavante estava na terceira passagem pelo clube, mas após reclamar de estar sendo prejudicado e pedir para sair, acabou liberado. Os dirigentes agiram rápido e anunciaram a contratação do centroavante Adriano Louzada, ex-Sport, até o fim do Campeonato Paulista.

"Não faço mais parte do elenco do Santo André. Não concordo com algumas coisas e para não atrapalhar o trabalho da equipe e também não me atrapalhar, preferi sair. Pelo meu temperamento, não seria legal continuar", disse o atacante. Um dos motivos para a saída, como Nunes revelou após o duelo com o Santos, foi o fato de não ter oportunidades de gol. "Quem está sendo prejudicado sou eu, que sou atacante. A bola não está chegando", afirmou ele, ainda no Estádio do Pacaembu.

De acordo com o presidente da Gestão Empresarial do Ramalhão, Ronan Maria Pinto, a rescisão ocorreu de forma amistosa. "Foi uma conversa positiva. Não tenho o que falar (de mau) sobre o Nunes. É um jogador que fez carreira aqui, que nos ajudou e poderá, quem sabe em outro momento, voltar ao clube", disse o dirigente. "Ele demonstrou seu descontentamento e pode ter razão ou não, mas o Santo André está acima do presidente, do treinador e dos atletas", emendou Ronan.

DESGASTE

Independentemente de sua identificação com o Ramalhão, a relação entre o jogador e a torcida vinha desgastada desde 2009, quando durante treino no Estádio Bruno Daniel Nunes foi à arquibancada tirar satisfação com um torcedor que o havia xingado.

Mesmo assim, o atacante permaneceu no elenco e foi uma das peças fundamentais no vice-campeonato paulista no ano passado, o que o levou ao empréstimo ao Vasco. "Eu não queria ir e fui empurrado para lá", disse.

Sem espaços no clube carioca, voltou ao Ramalhão para cumprir o último semestre de contrato. Mas não saiu como esperado e a situação tornou-se insustentável após os jogos contra Mogi Mirim e Santos. Neste último, Nunes deixou o campo sob insultos dos torcedores andreenses no Estádio do Pacaembu.

"A torcida está me xingando, mas não me importo. Não estou deixando de correr e voltei porque quis, mesmo tendo outras situações", afirmou o jogador após o empate diante do Peixe. "Saio magoado por deixar o Santo André nesta situação (em 17º lugar, com seis pontos)", afirmou ele, ontem.

Nunes disse acreditar na reação do Ramalhão no Estadual. "A partir do momento que derem confiança para os jogadores, vai (o time) começar a render", concluiu o atleta, que marcou um gol no Paulistão.

O substituto Adriano Louzada será apresentado hoje. Aos 32 anos, ele teve passagens por Palmeiras, Porto (Portugal), Cruzeiro e Sport.

Ramalhão é o que mais empata no País

Os campeonatos estaduais estão na ativa por todo Brasil. Há quem diga que não servem para nada ou são apenas preparatórios para as Séries A, B, C e D do Brasileiro, mas o charme da competição é tradicional. Mas nesta situação onde entra o Santo André? É que em todo o País não existe outra equipe que tenha empatado tanto quanto o Ramalhão no Paulista. Em sete jogos são seis igualdades: cinco terminadas em 1 a 1 (Linense, Mirassol, Ituano, Mogi Mirim e Santos) e uma em 2 a 2 (Noroeste).

Alguns dos estaduais não têm tantas rodadas quanto o Paulistão, mas outros vão além. No Pernambucano, por exemplo, as equipes já tiveram nove partidas e as duas equipes que mais empataram são Náutico e Cabense: três vezes. No Ceará, o Estadual teve oito rodadas e Fortaleza e Quixadá somam três empates cada.

Em Santa Catarina, dos sete jogos realizados, Figueirense e Marcílio Dias empataram quatro deles. Situação idêntica à de Gama, Botafogo e Ceilândia no Distrito Federal, e Novo Hamburgo, no Gauchão. Quem mais se assemelha ao Ramalhão, devidas as proporções, é o Corinthians, do Rio Grande do Norte, que nos três jogos que fez pelo Potiguar até agora empatou todos.