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UFPE estuda relação entre asma e exercício físico
Isabela Fraga
Ciência Hoje/RJ
09/08/2010 | 07:37
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Ainda é comum a crença de que crianças asmáticas podem ter sua condição piorada com a prática de exercícios físicos.

Essa percepção baseia-se no fato de que cerca de 50% das crianças e adolescentes asmáticos tenham broncoespasmo induzido por exercício (sintoma identificado pela sigla BIE). Trata-se de crise de asma, na maioria das vezes leve, que se manifesta por chiado no peito e falta de ar e ocorre logo após atividades físicas vigorosas, especialmente corrida.

O assunto está sendo estudado em tese de mestrado realizada no Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Elaborada pelo fisioterapeuta Marco Aurélio de Valois, a tese analisou 134 crianças e adolescentes com asma entre 10 e 18 anos, bem como 46 crianças sem asma. A partir de testes de corrida em esteira, espirometrias (medição da capacidade respiratória) e questionários aplicados aos pacientes e às mães, Valois buscou explicações para o fato de crianças asmáticas serem mais sedentárias que as outras.

Embora tenha verificado que, estatisticamente, o BIE não possa ser apontado como causa para um menor nível de atividade física, Valois constatou alguns pontos relevantes. Cerca de 45% das crianças e adolescentes analisados disseram evitar participar de esportes ou brincadeiras ativas por causa da asma. As mães, de acordo com os resultados dos questionários, concordam: 36% delas disseram que o exercício é perigoso para crianças asmáticas e 39% afirmaram impedir seus filhos de participar de esportes ou brincadeiras por causa dessa condição.

O médico José Ângelo Rizzo, orientador de Valois, alerta. "A asma e o broncoespasmo induzido pelo exercício não devem ser vistos como impedimento para a prática de atividades físicas, mas os pacientes devem ser diagnosticados e tratados para que se sintam confortáveis ao correr e brincar."

Rizzo também argumenta que a falta de tratamento, aliada ao sedentarismo comum nas crianças asmáticas, fazem com que essas tenham desempenho pior em esportes, o que as desestimula ainda mais. O médico sugere que não somente deve-se derrubar o mito de que exercícios físicos fazem mal a crianças com BIE, como também estimulá-las.

"Já há vários estudos que apontam os exercícios físicos como forma de controle da asma e de desenvolvimento da capacidade cardiovascular", sustenta.




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