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Faltam recursos em Delegacias da Mulher
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
27/07/2010 | 10:20
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Espaços pequenos, com problemas de infiltração e fiação elétrica, falta de equipamentos e de pessoal para atender. Esse é o retrato das quatro DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) do Grande ABC, localizadas em São Bernardo, Santo André, Mauá e Diadema.

Às vésperas de completar quatro anos, a Lei Maria da Penha é vista como positiva por delegadas, delegados e escrivães da região. Criada 7 de agosto de 2006, a medida cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica contra a mulher, prevendo pena de três meses a três anos para o agressor.

Porém, policiais civis ouvidos pelo Diário afirmam que, para ser efetivamente cumprida, é preciso mais recursos humanos e físicos.

"É um problema generalizado. Não somente das Delegacias da Mulher. Em todas os distritos trabalhamos no limite. Não temos recursos, faltam equipamentos e gente para atender. Quando temos um caso que é mais demorado, o tempo de espera aumenta e vai gerando fila", declarou uma delegada que pediu para não ser identificada.

A autônoma Marilene da Silva, 42 anos, aguardava ontem para ser atendida na DDM de Santo André há uma hora e meia. "Sempre sou bem atendida pelos funcionários. O problema é que demora muito. Estou aqui há uma hora e meia e ainda tem gente na minha frente para ser atendida", declarou Marilene, que vem sendo ameaçada pelo ex-marido. "Ele nunca me agrediu quando estávamos casados. Mas, desde quando separamos, em 2006, ele e a família me ameaçam, mandam gente na minha casa dizendo que vão acabar comigo. Meus filhos estão apavorados", relatou ela.

Em São Bernardo, o tempo de espera também pode levar horas, caso haja uma ocorrência mais complexa.

A Secretaria de Segurança Pública foi procurada, mas não retornou.

AGRESSOR - Outro ponto mencionado pelos profissionais é a falta de atendimento psicológico ao agressor. "Temos toda uma rede de atendimento à mulher, que é importante. Mas não é feito quase nenhum encaminhamento psicológico do agressor, que geralmente está envolvido com drogas, álcool ou tem algum transtorno mental", observou Ângela Andrade Ferreira Ballarini, delegada titular da DDM São Bernardo. Ela relatou casos em que a delegacia conseguiu atender somente com conversas. "Já teve agressor que saiu daqui agradecendo a gente, que tínhamos melhorado sua auto-estima. Ele estava cego de ódio da ex-mulher porque tinha sido trocado por outro e com conversa convencemos ele do contrário", contou ela.

Registro de violência doméstica tem ligeira queda

Apesar de mais mulheres estarem buscando informações nas delegacias sobre a Lei Maria da Penha, que penaliza casos de violência doméstica, os registros de ocorrência caíram levemente na região.

Em São Bernardo foram 1.046 casos no primeiro semestre deste ano. No mesmo período de 2009 foram 1.135. "Não podemos afirmar que violência está diminuindo. Os números se mantém na mesma média", explicou a delegada Ângela Ballarini.Santo André há estabilidade. Foram 641 em 2009, contra 648 em 2010.

Em Ribeirão Pires, apesar da redução de registros de 186, em 2009, para 173, em 2010, aumentou o número de representações. "Além do B.O. é preciso representação para entrar com processo e aqui elas estão fazendo isso e o agressor fica mais temeroso", declarou Roberto Borges, delegado titular do município.




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