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Seci pode perder título de campeã em Sto.André
Illenia Negrin e Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
11/02/2005 | 14:43
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A Seci, escola de samba que conquistou o Carnaval de Santo André, pode perder o título nesta sexta-feira por desrespeitar o regulamento do desfile. A agremiação levou para a avenida Firestone, no domingo, uma apresentação idêntica à da Acadêmicos do Taí, que entrou na passarela na segunda-feira, em São Bernardo. Os presidentes das agremiações concorrentes se reúnem nesta sexta-feira à noite com a Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André) para discutir o caso e uma possível punição para a campeã.

Integrantes da Uesa foram surpreendidos quinta-feira com a notícia de que as duas escolas compartilharam o mesmo desfile, com alegorias, fantasias, enredo e tema do samba iguais. Depois da reportagem publicada quinta-feira pelo Diário, que mostrava as semelhanças entre as duas apresentações, a liga se mobilizou para apurar os fatos. “Ficamos pasmos. Já sabemos que os carros alegóricos da Seci saíram de Santo André direto para a avenida Aldino Pinotti, em São Bernardo. E isso não prevê punição, de acordo com o nosso regulamento. Mas não deixa de ser grave, já que dinheiro público dos dois municípios foi gasto para fazer um só desfile”, afirma o assessor da Uesa, Valter Belber.

O problema, segundo o assessor, está na exigência de o samba-enredo ser inédito. O regulamento, porém, não diz se a letra deve ser inédita só em Santo André. Para esclarecer o impasse, a Uesa buscou assessoria jurídica com advogados da Prefeitura. “Vamos expor todo o imbróglio aos outros presidentes de escolas e decidir se a Seci deve ou não ser punida”, diz Belber, da Uesa.

O repasse das Prefeituras à Seci e à Taí somam R$ 53 mil. Cada escola de samba de Santo André recebeu subvenção de R$ 21 mil; em São Bernardo, a verba é mais generosa –  R$ 32 mil. O presidente da Taí, Edézio Lima, admitiu quinta-feira durante a apuração em São Bernardo que foi feito um caixa único para custear o desfile das duas escolas. “Sei que foi antiético, mas foi a única forma de garantir a Taí na avenida. O samba-enredo foi criado pela Seci. Mudamos o refrão nos versos que citavam as cores e o nome da escola, mas a Taí registrou a letra junto à Prefeitura antes da Seci. Afirmo que em Santo André quem ganhou foi a Taí, porque a gente entrou com mais verba.” A Taí ficou com a quarta colocação em São Bernardo.

Com medo de punições, a agremiação de São Bernardo contratou advogados para analisar minuciosamente o regulamento do Carnaval. Ao Diário, Edézio não assumiu que as fantasias foram compartilhadas. “Mandamos confeccionar o mesmo modelo para as duas escolas. É só isso.” Ambas as escolas têm 30 dias para prestar contas às Prefeituras de tudo o que gastaram para garantir a folia. “Estou tranqüilo. Tenho nota- fiscal de tudo e sei dizer o que comprei apenas para o Carnaval da Taí e o que banquei para a Seci.” O presidente da Seci, Edvaldo Jatobá de Lima, não foi localizado quinta-feira.

Covardia – Presidentes de outras escolas de samba de Santo André se disseram “indignados” com a postura da campeã Seci. Ademar de Barros, do Ocara Clube, que ficou com o vice-campeonato, disse que a união de verbas com a-gremiação de outro município é “covardia”. “É concorrência desleal. Pode até não haver punição pelo regulamento, mas a Seci desrespeitou nosso Carnaval. Precisamos rever essas regras para que isso não se repita e cobrar da Uesa uma postura firme.” O presidente da Mocidade Fantástica da Vila Alice, Décio Cardoso, acredita que a Seci merece ser punida para que o Carnaval não caia em descrédito.

A Prefeitura de Santo André informou que vai acompanhar a discussão na Uesa, além de fazer uma apuração criteriosa nas contas apresentadas pela Seci. “É um fato inédito, nos pegou de surpresa. Vamos estudar mecanismos que torne mais transparente a aplicação do dinheiro público no Carnaval”, garante o diretor de Cultura, Alberto Alves de Souza.

O presidente da Tradição de Ouro, Luiz Roberto Gomes, do Grupo B de Santo André, pretende pedir ao Ministério Público que investigue a prestação de contas, inclusive de anos anteriores. “Tem escola que apresenta um Carnaval tão medíocre que é impossível que gastem toda a subvenção no desfile, ainda que o valor seja pequeno.”



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