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Riscos à saúde aumentam com sexo precoce
Tathiana Barbar
Do Diário do Grande ABC
08/02/2004 | 21:07
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O sexo cada vez mais precoce está aumentando a incidência de problemas ginecológicos em meninas de 12 a 14 anos. Esta foi a constatação do Programa de Saúde da Mulher de São Bernardo, onde, no ano passado, 6,93% dos exames feitos em garotas dessa faixa etária apresentaram anomalias. Já em meninas de 15 a 19 anos, o índice sobe para 9,44%.

A Prefeitura relaciona a precocidade sexual com a pobreza, dando a entender que, muitas vezes, as meninas forçam uma gravidez para melhorar de vida. “As adolescentes vivem com seus pais em situação precária e a união com outra pessoa é considerada uma opção para mudar de vida”, comentou Francisco Gago, chefe do Programa de Saúde da Mulher, que existe desde 1989 com o objetivo de prevenir e incentivar mulheres a fazerem exames periódicos.

Rosilene de Matos Oliveira, 16 anos, moradora da Vila São Pedro, está grávida de cinco meses, de seu namorado. Sua primeira relação foi aos 14. “Só fui ao ginecologista depois de grávida, nunca me preocupei com isso”, afirmou. Rosilene mora com a mãe e o padrasto e, em breve, vai para a casa do namorado. “Só vou sair de casa para criar meu filho ao lado do pai”, contou.

Segundo o ginecologista Chuu Songniam, apesar da precocidade sexual estar relacionada com a pobreza, a incidência de problemas ginecológicos também é alta em mulheres com maior escolaridade. “Não é por falta de informações que as mulheres correm risco. É de forma consciente”, sentenciou.

As amigas Aline Rocha e Jussimeire da Silva, ambas 15 anos, e Andrea Fernandes, 14, que moram na região central da cidade, vão regularmente ao médico, acompanhadas de suas mães, apesar de nunca terem tido relações sexuais. “Eu não gosto da consulta, mas sei que é preciso”, disse Jussimeire.

Ela lembrou o caso de uma prima que teve sua primeira relação aos 14 anos e agora, aos 17, tomou remédio para abortar. “Ela nunca foi ao médico e nem se preocupa em se prevenir.”

Incidência – Entre garotas que têm o segundo grau completo, ocorreram 4,33% de exames com alterações, de acordo com o levantamento da Prefeitura, que está há três anos pesquisando sobre o assunto. Já entre as meninas com terceiro grau completo, a incidência chega a 3,14%. Entre as analfabetas, 2,83%, e entre as que possuem o primeiro grau incompleto, 2,98%.

Jéssica Rodrigues, 14 anos, moradora da Vila Dayse, teve sua primeira relação aos 13. “Só fui ao ginecologista agora, pois estava notando que alguma coisa estava errada”, contou. Jéssica fez os exames e estava com um pequeno tumor no ovário.

Francisco Gago observou também que 65% das meninas que fazem sexo com risco conheciam métodos para evitar isso. “Só que é uma perspectiva nova para elas, que sonham em mudar de vida”, reiterou.




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