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Projetos e açoes retiram jovens das ruas no ABC
Adriana Lopes
Da Redaçao
24/06/2000 | 15:51
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Boa notícia: açoes conjuntas desenvolvidas entre prefeituras, governo estadual e ONGs (Organizaçoes Nao Governamentais) estao muito próximas de retirar todas as crianças que moram ou passam o dia nas ruas no Grande ABC, uma das metas estabelecidas em acordos regionais.

A avaliaçao é da diretora técnica da Drads-Sul (Divisao Regional da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social), Sandra Maria Gomes Scaravelli. "Na maioria dos casos, as crianças que passam o dia nas ruas têm um lar para onde retornam à noite. O que prova que as soluçoes para a questao sao absolutamente acessíveis no Grande ABC."

Segundo os dois últimos levantamentos sobre crianças e adolescentes que perambulam pelas estaçoes e corredores de trem e trólebus no Grande ABC, feitos pelos departamentos de açao social das prefeituras da regiao, Drads-Sul e SOS Criança, da Prefeitura de Sao Paulo, a maioria dos menores sao passíveis de fácil recuperaçao. "No caso dos 82 entrevistados na linha do trem, apenas 2,4% nao possuía família e, provavelmente, nao tinha casa para morar."

Hoje, prefeituras e entidades assistenciais da regiao desenvolvem parcerias e projetos sociais para combater o trabalho infantil e retirar os menores das ruas. Paralelamente, a Drads-Sul e o Movimento Criança Prioridade 1, criado em 1997, procuram açoes conjuntas para atuar de forma direta nas causas e conseqüências da vida nas ruas, no período em que crianças e adolescentes deveriam estar na escola ou em cursos de capacitaçao profissional.

O Grande ABC possui cerca de 4 mil crianças e adolescentes nas ruas, incluindo aqueles que ficam em faróis, estaçoes de trem e de ônibus trabalhando ou esmolando, e também aqueles que efetivamente nao possuem onde morar. Essa é a estimativa de André José Andrade, representante do Fórum da Cidadania do Grande ABC no Conselho Deliberativo do Movimento Criança Prioridade 1, da Câmara Regional. "Grande parte desse número, porém, nao é procedente das sete cidades, mas de outras áreas da regiao metropolitana. E mesmo as crianças do Grande ABC migram de uma cidade para outra, atrás de locais onde há pessoas mais abastadas ou de pontos ainda nao ocupados por vendedores e pedintes. Daí a discussao regional", disse Andrade.

Sandra, da Drads-Sul, acredita que, na maioria dos casos de crianças que passam o dia nas ruas para arrecadar dinheiro e ajudar na manutençao de suas casas, a soluçao é o trabalho social junto às famílias para evitar a exploraçao do trabalho infantil. "Estamos falando de um trabalho de conscientizaçao dos pais, para que entendam a importância de manter os filhos na escola e fora das ruas. É preciso também a conscientizaçao da própria sociedade civil, porque nao adianta simplesmente repudiar as crianças e os adolescentes que ficam nos cruzamentos. Todos devem ter consciência de que o problema é social, que cada um também tem sua parcela de responsabilidade."

O limiar entre a vida nas ruas e a vida infracional, que muitas vezes leva crianças e adolescentes à Febem (Fundaçao Estadual para o Bem-Estar do Menor), está diretamente relacionado à quebra do vínculo familiar e ao acesso precoce à violência. "Esses casos, na maioria, envolvem crianças que nao tiveram uma formaçao moral sólida, que foram largadas cedo nas ruas. Chega um ponto em que tudo o que elas sabem vem das ruas e, como nao possuem parâmetros para determinar certo e errado, acabam sendo influenciadas negativamente. Aí essas crianças nao têm nada a perder", diz Sandra.




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