À tarde, mais de 150 moradores da favela haviam iniciado às 14h45 uma manifestação a cerca de 800 metros do local onde aconteceu o segundo enfrentamento. Eles atearam fogo em pneus, sacos de lixo, restos de móveis e pedaços de madeira para reivindicar providências da Prefeitura da cidade quanto à falta de água há quatro dias e o projeto ainda emperrado de urbanização do bairro.
A paciência dos moradores terminou após a inundação da parte baixa da favela durante a forte chuva de quinta. O protesto interrompeu o tráfego na pista e foi parcialmente encerrado horas mais tarde. Houve congestionamento de cerca de dois quilômetros em ambos os sentidos da rodovia. Um desvio para a pista central – normalmente usada na operação descida – serviu para escoar emergencialmente os veículos bloqueados que seguiam em direção à capital.
A operação para desbloquear a pista e conter os manifestantes contou com pelo menos 60 policiais. O primeiro militar que chegou ao local, poucos minutos depois do início do protesto, desceu da viatura atirando para o alto. O policial deu cerca de quatro tiros. Ninguém foi atingido. Aos poucos, chegaram mais 26 carros das polícias Militar e Rodoviária, além de um carro do Corpo de Bombeiros, para apagar o fogo.
Manoel Domingos, morador da favela do Oleoduto há quatro anos, disse que a manifestação foi “um pedido de socorro”. “As famílias perderam eletrodomésticos e móveis. Tem gente com 50 centímetros de barro dentro de casa.”
Uma comissão de cinco moradores foi levada durante a manifestação para se encontrar com o secretário de Obras de São Bernardo, Otávio Manente. Na reunião, Manente garantiu o envio de três carros-pipa para aliviar o problema de falta d‘água no bairro e marcou para a próxima semana um novo encontro dos moradores, com a presença também do secretário de Habitação e Meio Ambiente, Osmar Mendonça.
Quem ficou quase uma hora dentro do carro, sob sol forte, parado na estrada, passou mal. A auxiliar de administração Denise Bonavolha, 23 anos, reclamava: “Estou há 40 minutos debaixo desse sol, sem água para beber”. O vendedor Osvaldo Batelochi, 43 anos, contou que se sentiu aliviado ao verificar que se tratava de uma manifestação: “A gente não sabe o que pode acontecer. Poderia ser um arrastão, alguma coisa assim. Quando vi que era um protesto, fiquei aliviado.”
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.