Economia Titulo
Prodigy faz show sábado, no Close-Up
Do Diário do Grande ABC
13/05/1999 | 16:24
Compartilhar notícia


Liam Howlett, o cérebro do Prodigy, nasceu em agosto de 1971, dois meses depois que Jim Morrison morreu. Os espiritualistas certamente dirao que está aí um sinal do rito de passagem da música do passado para a do futuro. Os materialistas discordarao, por motivos óbvios, mas certamente nenhum dos dois grupos deixará de admitir que Howlett e o seu Prodigy estao na ponta-de-lança da música mais sintomática do fim do século.

Cerca de 30 mil sortudos - os que conseguiram o suado "ingresso gratuito" para o show - terao a chance de conferir sábado se o Prodigy representa ou nao a modernidade. A banda é a atraçao principal de um menu techno-rocker do Close-Up Planet Special Edition, que começa no Anhembi, às 18 horas, com a banda Raskafari, prossegue com Marky Mark, Arnaldo Antunes, Otto, Dynamite MC, Roni Size e culmina com Prodigy, já na madrugada de domingo.

Os ingleses do Prodigy chegam nesta sexta à noite a Sao Paulo e se hospedam no hotel Crowne Plaza, na Rua Frei Caneca. Unica excentricidade: trazem uma massagista particular a tiracolo. Foram convidados para uma festinha na boate Gitana, à noite (com entrada normal para o público), na qual também tocariam Roni Size, Dynamite MC, Marky Mark e o DJ local, Riva.

Quem estiver buscando ingressos de última hora só tem um recurso: tentar nas rádios Brasil 2000 e Transamérica FM. As emissoras também estarao distribuindo NO sábado pela cidade, em unidades móveis, ingressos e CDs do Prodigy. O telefone 3873-2662 também sorteia entradas.

"É comum fas do rock-n'-roll nos considerarem roqueiros mas eu creio que é por causa da atitude, nao pela música", disse Liam Howlett, em entrevista na semana passada. Para ele, o álbum da década é "Nevermind", do Nirvana, que está ali empatado com "Mezzanine", do Massive Attack. Adora também AC/DC, "se você quer sangue".

Punk eletrônico, Liam Howlett lembra que, na primeira festa a que foi, em 1984, aos 13 anos, rolava Afrika Bambaataa e jam sessions de hip-hop. E foi ali que ele atiçou a curiosidade.

Gaba-se de ter uma das mais respeitáveis coleçoes de discos de vinil da Inglaterra, o que o impeliu a lançar recentemente o seu disco-solo "The Dirtchamber Sessions Volume One" (que terá seqüência no ano que vem, anuncia).

Mas a atitude rocker nem está tanto em Howlett, que é compenetrado e arredio (e atualmente se diverte mais cuidando do seu jardim japonês do que em festas raves), mas no insano dançarino Keith Flint, de 30 anos, frontman do grupo (com Maxim Reality). Sua figura incomum, com cortes de cabelo excêntricos e a profusao de piercings marcaram época.

É de K1eith um dos principais hits da banda, "Firestarter", que ele define como "uma onda massiva de emoçoes" dele mesmo.

Keith Flint divide a cena com Maxim Reality (codinome de Keith Palmer, de 32 anos), o MC da banda. Mais velho do grupo, ele começou a fazer discotecagem com 14 anos. Embora assuma os vocais às vezes, sua funçao é injetar sutilezas sonoras nas cançoes do grupo, durante as apresentaçoes ao vivo. Fosse no jazz, seria o responsável pelo improviso.

O último integrante é Leeroy Thornhill, de 29 anos, 1,90 m altura. Ele era eletricista e gostava de futebol quando foi convocado pelo Prodigy para integrar a banda. Súbito, seu status mudou: está noivo da apresentadora Sara Cox, da MTV britânica, e é considerado o melhor dançarino da Inglaterra e adjacências - o que é algo importantíssimo para o aparato cênico que integra o conceito do Prodigy.

Os quatro estao atualmente em estúdio, gravando o próximo disco, que só deve sair na segunda metade do ano que vem. Por enquanto, ele só tem uma faixa, diz Liam Howlett. A sonoridade é influenciada pelo punk rock.

A outra grande banda eletrônica da atualidade, o Chemical Brothers, que chega aqui na semana que vem, volta influenciada pelo psicodelismo dos anos 60. Os techno-rockers flertam com o passado para enxergar o futuro.

Howlett nao parece ter essa preocupaçao com passado e futuro. Ele diz que era um "garoto do hip-hop" e que sua pretensao é mostrar que ele sabe como fazer aquilo que o ajudou a crescer. "A idéia nao é fingir que eu sou da velha escola do hip-hop", ele afirma. "Meu disco-solo é uma espécie de iniciaçao para aquelas pessoas que pensam que sabem do que se trata, mas nao sabem de verdade; eu conheço aquela música, eu conheço aqueles breaks."

Close-up - Escaldados pelo insucesso da versao anterior (cancelada na véspera por causa de um problema na estrutura do palco), os promotores do Close-Up Planet Special Edition estao caprichando no festival. O policiamento contará com 250 policiais militares (no "Metallica", por exemplo, havia apenas 100 homens), além de 250 seguranças. Além disso, haverá uma equipe de 40 homens da Brigada de Incêndio e Resgate, mais 5 médicos, 9 enfermeiros e 8 maqueiros em três postos médicos.

Uma novidade do show: oito teloes transmitirao imagens coletadas por 12 microcâmeras em todos os cantos e recantos do Anhembi. As câmeras estarao fixas ou presas ao corpo de integrantes da produçao do espetáculo.

Beijo - Outra onda "jovem" do show: a promoçao Síndrome do Beijo. Funciona assim: a marca de pasta de dentes que promove a jornada vai sortear mochilas, camisetas, óculos, adesivos e pasta dental para os beijos mais cinematográficos que rolarem na torcida. Os beijos serao filmados no meio do público e transmitidos para o telao. Conforme a ovaçao da torcida, elege-se um determinado beijo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;