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Policial é torturado e executado em Ribeirão Pires
Javier Contreras
Do Diário do Grande ABC
25/12/2001 | 19:45
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O policial militar Fábio Luiz de Azevedo Oliveira, 24 anos, foi torturado e executado por uma quadrilha de criminosos ainda não identificados. O corpo do policial foi encontrado enrolado em um cobertor no porta-malas de seu Omega preto na estrada do Pouso Alegre, no bairro de Ouro Fino Paulista, em Ribeirão Pires, por volta das 4h desta terça-feira. Oliveira teve pernas e braços quebrados após agressões dos criminosos e morreu com um tiro na nuca.

Após diligências de cerca de três horas nas proximidades do local do crime, policiais invadiram uma chácara localizada a cerca de cinco quilômetros da área (rua Monte Paschoal), possivelmente utilizada como cativeiro. “Segundo informações de um morador próximo, o Omega do policial estaria atolado desde a noite de sábado a cerca de 100 m da chácara. Invadimos pela frente, mas a quadrilha conseguiu fugir pelos fundos”, disse o policial militar José Francisco Accietta.

Os criminosos perceberam a ação policial por meio de cinco câmeras de monitoramento instaladas na parte externa do muro da chácara, e que são imperceptíveis para quem está do lado de fora (após a ação, a polícia encontrou o monitor de TV ligado, mostrando imagens externas). O local é uma verdadeira fortaleza cercada por muros de cerca de 4 m de altura e terreno com aproximadamente 50 m de frente por 100 m de fundos. Os poucos vizinhos dos fundos afirmaram que não perceberam nenhuma ação de assaltantes.

Uma operação que contou com cerca de 50 policiais do 30º Batalhão da Polícia Militar e do COE (Comando de Operações Especiais), além do apoio do helicóptero Águia da PM, fez uma varredura em toda a área, caracterizada por muitas vielas de terra e matagal. Por volta das 10h, policiais trocaram tiros com um homem que conseguiu escapar. Ninguém foi localizado até o início da noite desta terça-feira.

Na chácara, foi encontrada uma camiseta manchada de sangue que foi confirmada como sendo do policial morto pela sua mulher, F.R., 21 anos. Também foi localizada uma Saveiro preta, com manchas de sangue, no fundo do terreno, e vários indícios de que o lugar era utilizado como cativeiro, como mapas, alguns mantimentos e cordas. A polícia levantou a possibilidade de os criminosos pertencerem a uma quadrilha de seqüestradores e que poderiam estar com um refém, além do policial, no momento da chegada da polícia.

Policiais da 1ª Companhia do 24º Batalhão da PM, onde Oliveira trabalhava, afirmaram que ele saiu do trabalho por volta das 19h de sábado e desde então estava desaparecido. “Há informações de que pelo menos dois homens utilizaram um carro amarelo e dirigiram o Omega na noite de segunda-feira para terça-feira. É quase certo também que ele tenha morrido no interior da chácara, pois há manchas de sangue, como se um corpo tivesse sido arrastado”, disse o delegado plantonista de Ribeirão Pires, José Rosa Incerpi.

O caso ainda está cercado de muito mistério. Há a possibilidade de o policial ter sido vítima de seqüestro relâmpago e assassinado após os ladrões descobrirem que era policial. “Vamos verificar todas as possibilidades. Ainda não está confirmado se realmente era quadrilha de seqüestradores, apesar de alguns indícios. O proprietário da chácara ainda não foi localizado e verificamos, junto ao Detran, o proprietário da Saveiro. A família confirmou que o carro foi vendido há três meses, mas como ele está viajando, não sabemos a quem foi vendido”, disse o delegado. Documentos, cartões, talões de cheques e uma pistola foram roubadas do policial.




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