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Professores afirmam que direção coíbe notas vermelhas
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
19/04/2009 | 07:00
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A aprovação dos alunos influi na composição do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo) e na distribuição de bônus em dinheiro para as escolas detentoras das melhores notas. Consequentemente, as instituições que mais aprovam têm mais chances de conseguir boas notas no Idesp, e dessa forma, ter funcionários com salários mais altos.

A fórmula explica os motivos da pressão que os professores dizem sofrer na hora de avaliar. "Há coerção e instrumentais para reprimir o professor que dá muitas notas vermelhas. Muitos casos configuram assédio moral por parte da direção. Tudo isso por causa da pressão pelos bons índices", diz o professor Ricardo (nome fictício), que leciona Ciências e Química há 12 anos na rede pública.

Entre os docentes há quase um consenso de que a progressão diminuiu a qualidade de ensino e mais contribuiu para excluir do que para incluir alunos. "Não há uma sala que não tenha problemas de alfabetização. É cruel com o aluno. Não é a repetência que destrói o psicológico da criança, mas sim o fato de ela não conseguir acompanhar a turma, não saber ler nem escrever", complementa a professora de Português, Eugênia (nome fictício), há 13 anos na rede.

Professor do Estado desde 1999, Fernando (nome fictício) diz que os erros dos alunos não são corrigidos ao longo dos anos, conforme previa o sistema da progressão continuada, mas sim, se agravam. "A progressão fez com que os estudantes fossem empurrados de um ano a outro sem critérios mínimos. Como muitos não acompanham o processo de aprendizagem, se sentem excluídos e quase sempre têm problemas de indisciplina."

O professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse Munhoz defende o método tão questionado entre educadores. Para ele, a repetência traz menos ganhos do que a promoção. "A defasagem de idade interfere na relação com o saber. A escola tem de fazer a criança aprender durante o ano e não esperar até o fim para identificar o problema. A reprovação é um placebo ou um remédio com efeitos colaterais contrários", reforçou o acadêmico.

 




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