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As novas caras do judô de Santo André
Fernando Cappelli
Do Diário do Grande ABC
04/07/2011 | 07:30
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Já se passaram 23 anos da medalha de ouro olímpica conquistada por Aurélio Miguel na Olimpíada de Seul. Mesmo de forma indireta, o maior mérito da história da modalidade em Santo André - cidade que o campeão representava na época -, ainda se traduz em fator motivacional no trabalho com as novas gerações.

Tanto que a arte marcial japonesa sempre rendeu boas revelações e foi uma das únicas que resistiram à boa parte das instabilidades esportivas do município. "A filosofia do nosso trabalho sempre foi de manutenção, não de recuperação. Por isso sempre colhemos bons frutos", disse o treinador Gil, da AD Santo André, que ao lado dos técnicos Cristiano Carrion e Marcos Húngaro realiza trabalho com categorias de base há quase duas décadas.

Eles destacam cinco atletas da categoria juvenil como principais revelações da cidade: Breno Alessi, Gabriel Rusca (ambos classificados para o Pan-Americano no Panamá, em agosto), Rayane Ferraz, Marília Vieira (participarão do Sul-Americano em outubro, na Colômbia), além de Rodrigo Rossi, que recentemente participou de diversas etapas do circuito europeu.

Mesmo com todo clima histórico envolvido, sempre é preciso reciclar e ter cuidados especiais para trabalhar com as novas safras de lutadores. "O esporte está cada vez mais estratégico, mas não se pode perder a espontaneidade. O excesso de informação que temos hoje em dia às vezes prejudica. O grande desafio é equilibrar todos estes fatores", avaliou Gil.

 

VANTAGEM ADQUIRIDA

Ainda segundo o treinador, o panorama atual do judô também é bastante favorável à técnica brasileira, que tradicionalmente carrega as características mais puras e mantém o padrão de ensino e prática semelhantes ao japonês.

O principal motivo foi a mudança recente nas regras, que eliminou golpes unicamente baseados na força bruta (como ataques nas pernas do adversário) e deixou os combates mais fluidos. A medida abalou principalmente o estilo europeu, que teve de repaginar todo padrão de luta e perdeu força da elite da modalidade.

"Isso trouxe de volta boa parte da essência que se perdia cada vez mais com o tempo. Os brasileiros já moldam o estilo desta forma e se preparam cada vez mais cedo para conquistas importantes. Em 2016 (na Olimpíada do Rio de Janeiro) dá para visualizar o País cheio de medalhas", comentou o treinador.

 

 

Brasileiros não temem a chance de enfrentar desconhecidos

Mesmo com as trocas de informação a jato, facilitadas pelo contexto globalizado do esporte atual, os judocas brasileiros ressaltam que o surgimento de talentos tem sido tão acentuado que, na maioria das vezes, são obrigados a dar verdadeiros tiros no escuro e enfrentar adversários totalmente desconhecidos.

"Não tem muito como estudar oponentes. Há muito atleta bom que aparece do nada nesses torneios internacionais", afirma Gabriel Rusca. "O segredo é lutar bem fechado e esperar o pior", brinca.

Breno Alessi concorda com o companheiro de treinos. Para ele, o fator psicológico deve ser sempre reforçado para suprir qualquer surpresa. "Já tive lutas em que foi preciso usar apenas o instinto para vencer. Não é facil, prejudica bastante a concentração e toda tática que pensamos com antecedência. Mas também tem o lado positivo, de preparar o lutador para enfrentar qualquer coisa em qualquer circunstância", disse.




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