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Empregados formam cooperativa e salvam empresa endividada
Do Diário do Grande ABC
12/06/1999 | 17:06
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Quando 48 ex-funcionários da Bandeirante Superfecta, fabricante de fornos e equipamentos para panificadoras de Sorocaba, trocaram os R$ 200 mil a que tinham direito em dívidas trabalhistas pelo maquinário da empresa, esperavam, pelo menos, recuperar parte do débito. Endividada com fornecedores, bancos e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a empresa demitira a maior parte dos empregados e vinha atrasando os pagamentos dos 70 que restavam.

"Fizemos uma reuniao e a maioria topou correr o risco" disse Carlos Rosa da Silva, presidente da cooperativa formada pelos ex-funcionários.

Passados oito meses da transaçao, a empresa reconquistou a clientela e atingiu um nível de produtividade superior ao da antiga indústria. A Cooperband - Cooperativa de Produçao de Fornos e Máquinas - é prova de que o cooperativismo pode ser uma boa soluçao para crises.

Segundo Silva, a produçao atual ainda está longe de comparar-se à da antiga unidade, em seus bons tempos. Antes do Plano Real, a Superfecta chegou a ter 270 funcionários e a produzir 400 máquinas e fornos por mês, liderando o mercado nacional. Nos últimos anos, a produçao vinha caindo, chegando a menos de cem unidades em 1998.

Hoje, com menos de um terço dos funcionários, a produçao retomou o crescimento e já chega a 60 máquinas de panificaçao e 20 fornos.

"Estamos conseguindo mandar algumas máquinas para a Africa e países do Mercosul", contou Silva. A empresa tem 35 representantes de vendas no País. O faturamento mensal já passa de R$ 200 mil. A meta é faturar R$ 6 milhoes por ano.

O aquecimento nas vendas levou a diretoria a ampliar as jornadas de trabalho dos cooperados. O funcionário Ailton José dos Santos consegue faturar mais do que quando era empregado. "Com a diferença de que estou cuidando do que é meu." Alguns serviços, como os de usinagem, estao sendo terceirizados, pois já há falta de mao-de-obra. A cooperativa é administrada por sete diretores, eleitos anualmente. No início, os ex-funcionários haviam optado pela autogestao. Logo nos primeiros meses, verificaram tratar-se de um caminho inadequado, pois a empresa tinha um volume grande de encargos e dívidas trabalhistas. "O problema apenas trocaria de maos", disse José Aparecido Lúcio, responsável pela área elétrica.

O grupo decidiu, entao, montar a cooperativa e desvincular-se fisicamente da antiga fábrica, alugando um novo prédio com 2,1 mil metros quadrados. Foi necessário desenvolver novos produtos para se adequar ao mercado. "Acabamos de lançar um forno a gás, que batizamos de Cooperturbo, e ele está sendo nosso campeao de vendas", disse Andrade.

Em aço inoxidável, com capacidade para 125 paes a cada 20 minutos, o forno trabalha com botijoes de 13 ou 45 quilos e é mais econômico que os modelos elétricos. A Cooperban fabrica fornos elétricos, a gás, diesel e mistos em várias versoes. Entre as máquinas de panificaçao destacam-se as amassadeiras, modeladores, divisoras e cilindros para padarias. Outra linha de produtos é a de batedeiras para confeitarias, com capacidade para 12, 20 e 40 litros.




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