Tradicional evento é realizado há 17 anos pela
Família Lemes e traduz o real sentido da data
Todo dia 25 de dezembro, a Família Lemes, de São Bernardo, promove ação que incorpora o verdadeiro significado do Natal. O almoço, realizado há 17 anos, tem mesa farta e distribuição de presentes para a criançada, mas o que marca mesmo é o amor ao próximo, um dos maiores ensinamentos que o protagonista da festa – Jesus Cristo – deixou de legado.
O evento, que reuniu 6.000 pessoas, aconteceu na Emeb (Escola Municipal de Ensino Básico) Professora Maria Therezinha Bessana, no bairro Baeta Neves.
Ao longo do ano, força-tarefa de 240 voluntários se empenha para coletar doações que engrandeçam a festa. Há ainda a participação de parceiros como os empresários Douglas Lorca, 57 anos, e Luciano Abreu, 48. “Conheci o projeto há quatro anos. Vi a energia, a dedicação e o amor dessa família e, todo ano, dentro do possível e do impossível, colaboramos”, diz Lorca, acrescentando que em torno de 15 amigos se mobilizam para contribuir financeiramente com a causa. “Juntos somos uma nuvem que é capaz de fazer chover onde precisa”, afirma Luciano.
Em duas salas de aula – uma para meninas e outra para meninos –, foram colocados tantos brinquedos que era impossível não fazer brilhar os olhos dos pequenos. E eles podiam escolher qual queriam levar em um universo de 1.000 itens.
Na comida, preparada especialmente em fogão a lenha, os números também foram expressivos: 30 quilos de arroz, 25 de feijão, 70 de frango, 15 quilos de pernil e 26 de macarrão. As saladas, com batata, cenoura e beterraba, somaram 60 quilos. Os participantes se deliciaram ainda com farofa feita com miúdos de frango, carne desfiada, milho e ervilha e, de sobremesa, canjica e um bolo de 50 quilos.
Com um ano marcado por crise econômica, os organizadores temiam não conseguir arrecadar o suficiente. Mas, diante do êxito, perceberam que o problema está em outro departamento. “A crise é política e de ética, não de amor”, salienta um dos idealizadores, Benedito da Silva Lemes, 64 anos, conhecido como Ditinho da Congada.
Se hoje a data é especial, ele recorda que nem sempre foi assim. “Cinquenta anos atrás, fiquei muito revoltado com Deus. Perguntei aos meus pais: ‘Que Deus é esse que rezamos tanto e no Natal não temos o que comer?’ Meu pai me abraçou e respondeu que se continuássemos rezando para Ele, se fôssemos honestos e trabalhássemos, teríamos até para dividir”, conta ele, emocionado. “Faz oito anos que ele morreu, mas lá do céu vê que estamos seguindo seu ensinamento.”
Claudio Roberto dos Santos, 45, que atualmente está desempregado, garante que é da natureza da Família Lemes se doar ao próximo. “Quem dera as pessoas que têm poder se doassem como eles e ajudassem aos demais.”
A confraternização é vivenciada por gerações e enche de bons sentimentos quem dela participa. A dona de casa Deise Cristina de Oliveira, 30, vai ao almoço natalino desde a adolescência. Hoje ela leva os filhos de 4 e 7 anos, mais o bebê que carrega no ventre. “Essa festa traz união, fraternidade, coisas que estão muito difíceis hoje em dia.”
Não tem coisa melhor no mundo que paz, amor, fraternidade e essas são as coisas que Jesus quer de nós”, ressalta Maria de Fátima Lemes, 61, que ao lado da matriarca da família, Maria do Carmo Lemes, 88, cozinhou as delícias servidas no almoço. “Que abracemos o nosso irmão e que sejamos unidos, pois só com união podemos mudar muitas coisas”, conclui.
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