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Lendas urbanas no Programa Rumos
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
29/05/2002 | 20:50
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Dois documentários sobre lendas e neuroses urbanas marcam a estréia nesta quinta do Programa Rumos Cinema e Vídeo do Instituto Itaú Cultural (av. Paulista, 149, São Paulo. Tel.: 238-1700) com entrada franca. Nasceu o Bebê Diabo em São Paulo, da cineasta Renata Druck, e Na Garupa de Deus, de Rogério Côrrea, coordenador de programação do Cine-Teatro Carlos Gomes, de Santo André, abrem a mostra às 20h.

Nasceu o Bebê Diabo recebeu um prêmio Ministério da Cultura na mostra de documentários É Tudo Verdade, realizada em abril deste ano. Conta a história de três lendas urbanas muito populares no Grande ABC: o Bebê Diabo, a Loira Fantasma e a Gangue do Palhaço. O filme é narrado como uma reportagem, em tom bem-humorado, sem se levar muito a sério. As três lendas ganharam tratamento sensacionalista nas páginas do extinto Notícias Populares (1963-2001). O Bebê Diabo foi assunto no jornal em maio de 1975, sucedido pela Loira Fantasma. Já a Gangue do Palhaço se tornou alvo de manchetes escandalosas em 1995.

O Bebê Diabo foi criado a partir de um boato sobre o suposto nascimento de uma criança com chifres na Maternidade São Bernardo. Mais tarde, o bebê falava, tinha dentes e era visto saltando em casas do Grande ABC.

A lenda da Loira Fantasma é transmitida de geração em geração. Ela aparece geralmente no banheiro das escolas, mas também é vista vestida de noiva em estradas desertas.

O boato da Gangue do Palhaço começou em janeiro de 1987 em Honduras, rodou o mundo e chegou ao Brasil em 1995. A Gangue seria formada por traficantes de órgãos que atrairiam crianças para uma Kombi, onde elas seriam mortas e teriam seus órgãos retirados.

Na Garupa de Deus, por sua vez, investiga a atuação dos motoboys em um mundo competitivo e de trânsito caótico. Realizado em vídeo, acompanha motociclistas que ganham a vida entregando encomendas com hora marcada, seja comida ou documentos. Alguns até sem habilitação.

Deslizam em alta velocidade pelos corredores formados pelas filas de carros nas avenidas expressas. Autônomos na maioria, sobrevivendo com as sobras das despesas, o motoboy é visto como um mal necessário ao funcionamento da neurose urbana.

Um deles, morador na periferia do Grande ABC, perdeu uma perna trabalhando e revela saudades da moto. Em outro depoimento, uma fisioterapeuta alerta para o volume de ocorrências graves com motoboys e pede que esse tipo de serviço seja revisto. Assim, sugere que os motoboys tentem mudar rápido de vida.

O Programa Rumos continua às quintas-feiras de junho, com filmes de jovens realizadores e outros de diretores mais experientes como Vladimir Carvalho (Barra 68), Arthur Omar (O Livro do Raul) e Joel Pizzini (Glauces, Estudo de um Rosto).

Colaborou Danilo Angrimani




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