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EE Diadema será desocupada

Reunião com o Estado definiu que estudantes irão deixar escola ainda hoje, quando devem entregar documento com reivindicações para análise

Daniel Macário do Diário do Grande ABC
18/11/2015 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


Ocupada por alunos há dez dias, a EE Diadema é a primeira instituição do Estado a concordar com a desocupação e abrir diálogo com a Secretaria de Educação sobre a reorganização. Reunião realizada na tarde de ontem determinou que os jovens devem deixar a escola até as 14h de hoje. Na ocasião, os estudantes irão entregar documento com todas as reivindicações para análise do secretário estadual da Educação, Herman Voorwald.

Segundo ele, a conduta adotada na instituição da região é modelo que deve ser seguido nas demais escolas ocupadas no Estado, que Voorwald afirma serem cerca de 30. Já a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) fala em 44. “Exemplo de que o diálogo é o caminho é o caso de Diadema. Em audiência de conciliação, mostrou-se que quando alunos estão envolvidos na pauta educacional, o resultado é bom. Neste caso os estudantes vão desocupar voluntariamente a escola”, diz o secretário.

Ainda referente às ocupações, Voorwald disse ser contra a participação de entidades partidárias. Atualmente, as reivindicações da comunidade escolar contam com respaldo da Apeoesp e apoio de entidades como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Central de Movimentos Populares, Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas) e Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas).

“Acho o movimento legítimo. O que não concordo é quando há participação de entidades que não têm nada a ver com o tema. Elas têm pauta política. Não quero diálogo com entidades, mas para professores e estudantes a conversa sempre existirá.”

Apesar de o Estado destacar o início do diálogo de forma democrática, discentes da EE Diadema relatam frustração. “Fica uma sensação de impotência e desânimo. Depois de uma semana acampados, nenhuma das reivindicações foram atendidas. Não sabemos se vão analisar nossas pautas”, declara o aluno do 3º ano do Ensino Médio Gabriel de Souza Damasceno, 18 anos.

Segundo Herman, nos próximos dias será solicitada reintegração de posse de todas as escolas que estão ocupadas por estudantes e entidades.

Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a ação evidencia que o governo não está preocupado com a Educação. “A declaração do secretário causa perplexidade porque revela autoritarismo, insensibilidade e descompromisso com os direitos e necessidades dos estudantes. O secretário deveria saber que as reintegrações de posse não irão resolver a situação.”

Em decorrência das ocupações, a Pasta publica hoje resolução que assegura que todas as unidades escolares cumpram os 200 dias letivos do calendário curricular. O cronograma de reposição de aulas será de responsabilidade de cada escola.

A esperança dos estudantes é a decisão em caráter liminar da Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo que suspendeu o fechamento da EE Braz Cubas, em Santos. A ação foi idealizada pela Defensoria Pública e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) local, que consideram que a unidade é referência na Educação inclusiva e que não foram esgotadas as possibilidades de mantê-la em funcionamento.

Mais seis unidades de ensino são ocupadas

Somente entre a noite de ontem e a manhã de hoje foram seis as unidades de ensino do Grande ABC ocupadas pelos estudantes como protesto pela reorganização imposta pela Secretaria Estadual da Educação. Com isso, subiu para 11 a quantidade de escolas com aulas suspensas e com alunos acampados na região.

Santo André passou a concentrar seis escolas ocupadas, sendo três ontem: EE Américo Brasiliense, EE José Augusto de Azevedo Antunes e EE Senador João Galeão Carvalhal. EE Valdomiro Silveira, Antônio Adib Chammas e Professor Oscavo de Paula e Silva já estavam em poder dos jovens.

“Temos o apoio dos professores e também da comunidade, que nos oferece alimentos e ajuda”, destaca o aluno da EE José Augusto de Azevedo Antunes Melqui Arantes, 16 anos. A manifestação dos jovens é contra o encerramento das atividades da unidade a partir de 2016. Na EE Senador João Galeão Carvalhal também houve apoio da população, que levou inclusive uma pizza para os cerca de 50 estudantes acampados. Já na EE Américo Brasiliense os alunos temem pela superlotação das salas de aula. “Há falta de material escolar e os professores já não conseguem dar atenção a todos, imagina com as salas superlotadas”, diz Gabrielle Andrade, 16 anos.

Em Diadema, além da EE Diadema e EE Décio de Souza Cunha, alunos da EE João Carlos Gomes Cardim também resolveram aderir ao movimento ontem.

O mesmo aconteceu com os estudantes da EE Maria Elena Colonia, em Mauá, ocupada com o apoio do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). “Também temos filho e queremos que tenham um futuro com Educação digna. Nossa luta não envolve política partidária. Tudo o que o MTST busca é a melhoria das condições de vida do povo”, ressalta um dos líderes do grupo, Alan Santos de Moura, 28 anos.

Em Ribeirão Pires, são cerca de 35 jovens na EE Santinho Carnavale. “Além das aulas, também usamos a unidade aos fins de semana para atividades de lazer. E agora não teremos mais opções”, reclama o aluno Romulo Bairral, 17. (Colaborou Nelson Donato) 




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