Setecidades Titulo Educação
Dirigentes de ensino sinalizam manter fechamento de escolas

Nenhuma das seis unidades que encerrarão atividades em 2016 deve ser retomada, embora alunos e professores realizem manifestações

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
14/11/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


Embora afirmem que estão abertas ao diálogo com alunos em protesto, as dirigentes regionais de ensino da região não sinalizam voltar atrás da decisão de disponibilizar escolas ociosas para outras atividades educacionais. Serão seis unidades de ensino que terão suas atividades encerradas a partir de 2016 em três cidades como resultado do processo de reorganização imposto pela Secretaria Estadual da Educação.

Em entrevista ao Diário publicada na edição de sexta-feira, o secretário da Educação do Estado, Herman Voorwald, admitiu a possibilidade de rever o processo, todo delegado às gestoras regionais.

A dirigente regional de ensino de São Bernardo, Suzana Aparecida Dechechi de Oliveira, destaca que até foi feita tentativa de rever a disponibilização da EE Tito Lima, no bairro Estoril, no entanto, não houve condições. Ela explica que a unidade é pequena, acomoda 176 estudantes divididos em oito classes. “Nos reunimos com a comunidade e nossa proposta foi tentar conseguir pelo menos 35 alunos por sala, o que se tornou inviável porque não há demanda naquela área”, diz.

Dessa forma, todos serão transferidos para a EE Antonio Caputo, no Rio Grande e longe 2,8 quilômetros. “Os estudantes terão transporte gratuito porque ali há uma barreira física que é a Via Anchieta”, garante Suzana.

Também em São Bernardo, a EE Yolanda Noronha do Nascimento, no Jardim Silvina, passaria por reorganização gradativa, processo que foi cancelado. Com isso, a unidade segue atendendo três ciclos de ensino em 2016.

Em resposta às críticas de que faltou diálogo com a comunidade durante o processo de reorganização, a dirigente afirma que todas as decisões foram tomadas levando em conta a opinião de diretores, professores e também da comunidade escolar. “Aqui em São Bernardo optamos por realizar a mudança de forma gradativa. Tenho certeza de que todas as minhas colegas (dirigentes) tiveram a mesma postura, no entanto, é preciso levar em conta que cada diretoria tem um perfil diferente.”

DIA E

As unidades onde os alunos matriculados na rede estadual vão estudar em 2016 podem ser consultadas no endereço eletrônico www.educacao.sp.gov.br. Para acessar os dados é preciso indicar o número do registro do aluno. Com ajuda da ferramenta, é possível verificar o nome da escola atual e, em caso de transferência, a unidade que irá frequentar no próximo ano. O registro do aluno é fornecido pela escola ou vem no boletim escolar.

Além do sistema, hoje todas as 5.000 unidades da rede estarão abertas para tirar dúvidas sobre o processo de reorganização. As listas dos alunos, em ordem alfabética, também serão fixadas em lugares visíveis.

Alunos devem desocupar unidade hoje

A Justiça determinou que os 20 estudantes da EE Diadema, no Centro da cidade, que ocupam a unidade de ensino desde segunda-feira, deixem o prédio até as 12h de hoje. Os jovens protestam contra a transferência de alunos para a EE Filinto Muller, localizada a 50 metros de distância a partir do próximo ano.

Embora a dirigente de ensino de Diadema, Liane Oliveira Bayer, já tenha garantido que a reorganização só acontecerá com os 200 estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental por enquanto, os alunos se dizem insatisfeitos. Isso porque a intenção da diretoria de ensino é que a unidade deixe de oferecer Ensino Médio a partir de 2019.

“Não queremos perder o Ensino Médio. Conseguimos mais de 1.000 assinaturas para que não houvesse reorganização em Diadema. Fizemos essa manifestação porque era a única forma. O governo não quis diálogo”, destaca a estudante do 2º ano do Ensino Médio Fernanda Freitas, 17.

O professor da EE Diadema Talles Amorim considera que a ocupação da escola é uma aula de cidadania. “Foi algo organizado pelos estudantes e alguns aderiram. Os pais os autorizaram a estarem aqui. Nenhum deles veio para badernar. É fundamental o apoio dos professores.”

O coordenador regional da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) Antônio Jovem destacou que o sindicato entrou com pedido de liminar para que não seja feita a reintegração. “A luta vai continuar independentemente da reintegração de posse. O movimento não acaba.”

Na região, estudantes também ocuparam as EE Oscavo de Paula, no bairro Bangu, e a EE Adib Chammas, no Jardim Santa Cristina, em Santo André. Em todo o Estado, subiu para oito o número de escolas ocupadas por alunos contra a reorganização da rede estadual de ensino.

A Secretaria Estadual de Educação recuou pela primeira vez e revogou o fechamento de uma das 94 escolas. A EE Augusto Melega, em Piracicaba, no interior de São Paulo, continuará funcionando como unidade da rede. (colaborou Leonardo Santos)
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;