Setecidades Titulo
Começa estudo no Jardim das Oliveiras
André Vieira|
Do Diário do Grande ABC
11/09/2010 | 07:12
Compartilhar notícia


A Falcão Bauer dá início na segunda-feira aos trabalhos para realização da investigação ambiental que irá determinar o grau de contaminação do Jardim das Oliveiras, em São Bernardo.

O estudo complementará documentos anteriores, que apontaram a presença de substâncias nocivas à saúde no solo e na água do bairro.

Desenvolvido sobre antigo lixão, o Jardim das Oliveiras começou ser habitado a partir da segunda metade da década de 1990 - hoje são cerca de 12 mil pessoas.

Na segunda-feira, um grupo de engenheiros da empresa irá visitar a região para uma avaliação do terreno.

Segundo o geólogo Crístines Antonio Ladan, da Falcão Bauer, a fase inicial consumirá 90 dias de trabalho. Todo o estudo deverá ficar pronto em seis meses.

A sondagem desta primeira etapa será realizada pelo método tradicional, denominado STP. O trabalho consiste na coleta de amostras em camadas diferentes do solo.

"No começo vamos delimitar a quantidade de resíduos que existe no aterro. O primeiro passo é dimensionar esses resíduos, sua espessura e profundidade."

CONTAMINAÇÃO
Em estudos realizados em 2004 e 2007, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) detectou a presença de benzeno no solo do bairro.

A substância é cancerígena e foi encontrada em quantidade 196 vezes maior do que a permitida.

No lençol freático, os laudos apontaram para existência de contaminações por metais pesados como o chumbo, cromo, cádmio e mercúrio.

As conclusões dos laudos foram apresentadas pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em parecer - publicado pelo Diário com exclusividade em novembro de 2008.

Em sua avaliação, a Cetesb verificou a existência de falhas no estudo. Entre os problemas, apontou que os resíduos não foram quantificados e nem caracterizados, e que o número de amostras colhidas foi insuficiente.

A expectativa é de que essa nova investigação ambiental amplie os laudos e apresente a real condição da contaminação do bairro, bem como as formas para remediar a área.


Problema no bairro é alvo de ação que tramita na Justiça

A perícia no Jardim das Oliveiras foi encomendada pelo juiz titular da 7ª Vara Cível de São Bernardo, Gersino Donizete do Prado.

O juiz é o responsável pelo julgamento de ação civil do Ministério Público que pede a desocupação do Jardim das Oliveiras 3.

Somente neste lote, que estaria mais perto do antigo lixão onde se desenvolveu o bairro, moram cerca de 3.000 pessoas.

Localizado em área de proteção aos mananciais, o bairro está próximo da Represa Billings e às margens da Estrada da Cama Patente, na região do Alvarenga.

A investigação ambiental que será realizado a partir de segunda-feira pela Falcão Bauer foi orçada em R$ 468,5 mil, pagos pela Prefeitura de São Bernardo.

A justificativa de Donizete do Prado para a necessidade de realizar o novo estudo é de que os laudos anteriores não oferecem condições para julgamento da ação.

O processo está em tramitação desde 1995.

 
Grande ABC tem outras áreas contaminadas

Assim como o Jardim das Oliveiras, o Grande ABC possui outras áreas igualmente identificadas em terrenos contaminados, notórios não só nas sete cidades, mas em todo o Estado.

Na mesma região do Jardim das Oliveiras, parte da comunidade do Alvarenga mora hoje onde funcionou o mais conhecido lixão do Grande ABC, que levava o nome do bairro.

Ao lado do aterro sanitário da Cidade São Jorge, em Santo André, a população do Núcleo Espírito Santo também ergueu suas casas em local que serviu de depósito clandestino de lixo.

Em Mauá, no Parque São Vicente, o Condomínio Residencial Barão de Mauá, que tem 1.760 apartamentos, foi construído sobre antigo lixão industrial. No local, mais 44 substâncias tóxicas foram encontradas.

A área onde as Indústrias Químicas Matarazzo se instalou, no bairro Fundação, em São Caetano, também tem partes contaminadas por metais e inseticidas.(André Vieira)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;