A Falcão Bauer dá início na segunda-feira aos trabalhos para realização da investigação ambiental que irá determinar o grau de contaminação do Jardim das Oliveiras, em São Bernardo.
O estudo complementará documentos anteriores, que apontaram a presença de substâncias nocivas à saúde no solo e na água do bairro.
Desenvolvido sobre antigo lixão, o Jardim das Oliveiras começou ser habitado a partir da segunda metade da década de 1990 - hoje são cerca de 12 mil pessoas.
Na segunda-feira, um grupo de engenheiros da empresa irá visitar a região para uma avaliação do terreno.
Segundo o geólogo Crístines Antonio Ladan, da Falcão Bauer, a fase inicial consumirá 90 dias de trabalho. Todo o estudo deverá ficar pronto em seis meses.
A sondagem desta primeira etapa será realizada pelo método tradicional, denominado STP. O trabalho consiste na coleta de amostras em camadas diferentes do solo.
"No começo vamos delimitar a quantidade de resíduos que existe no aterro. O primeiro passo é dimensionar esses resíduos, sua espessura e profundidade."
CONTAMINAÇÃO
Em estudos realizados em 2004 e 2007, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) detectou a presença de benzeno no solo do bairro.
A substância é cancerígena e foi encontrada em quantidade 196 vezes maior do que a permitida.
No lençol freático, os laudos apontaram para existência de contaminações por metais pesados como o chumbo, cromo, cádmio e mercúrio.
As conclusões dos laudos foram apresentadas pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em parecer - publicado pelo Diário com exclusividade em novembro de 2008.
Em sua avaliação, a Cetesb verificou a existência de falhas no estudo. Entre os problemas, apontou que os resíduos não foram quantificados e nem caracterizados, e que o número de amostras colhidas foi insuficiente.
A expectativa é de que essa nova investigação ambiental amplie os laudos e apresente a real condição da contaminação do bairro, bem como as formas para remediar a área.
Problema no bairro é alvo de ação que tramita na Justiça
A perícia no Jardim das Oliveiras foi encomendada pelo juiz titular da 7ª Vara Cível de São Bernardo, Gersino Donizete do Prado.
O juiz é o responsável pelo julgamento de ação civil do Ministério Público que pede a desocupação do Jardim das Oliveiras 3.
Somente neste lote, que estaria mais perto do antigo lixão onde se desenvolveu o bairro, moram cerca de 3.000 pessoas.
Localizado em área de proteção aos mananciais, o bairro está próximo da Represa Billings e às margens da Estrada da Cama Patente, na região do Alvarenga.
A investigação ambiental que será realizado a partir de segunda-feira pela Falcão Bauer foi orçada em R$ 468,5 mil, pagos pela Prefeitura de São Bernardo.
A justificativa de Donizete do Prado para a necessidade de realizar o novo estudo é de que os laudos anteriores não oferecem condições para julgamento da ação.
O processo está em tramitação desde 1995.
Grande ABC tem outras áreas contaminadas
Assim como o Jardim das Oliveiras, o Grande ABC possui outras áreas igualmente identificadas em terrenos contaminados, notórios não só nas sete cidades, mas em todo o Estado.
Na mesma região do Jardim das Oliveiras, parte da comunidade do Alvarenga mora hoje onde funcionou o mais conhecido lixão do Grande ABC, que levava o nome do bairro.
Ao lado do aterro sanitário da Cidade São Jorge, em Santo André, a população do Núcleo Espírito Santo também ergueu suas casas em local que serviu de depósito clandestino de lixo.
Em Mauá, no Parque São Vicente, o Condomínio Residencial Barão de Mauá, que tem 1.760 apartamentos, foi construído sobre antigo lixão industrial. No local, mais 44 substâncias tóxicas foram encontradas.
A área onde as Indústrias Químicas Matarazzo se instalou, no bairro Fundação, em São Caetano, também tem partes contaminadas por metais e inseticidas.(André Vieira)
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