A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, deverá aprovar a fusao de Brahma e Antarctica, mas com a condiçao de que as duas empresas cumpram os chamados "compromissos de desempenho", informou nesta terça-feira o secretário de Direito Econômico, Ruy Coutinho. Ele explicou que as duas cervejarias terao de cumprir entre outros, os compromissos de nao criar barreiras à entrada de novas indústrias no setor; nao praticar "dumping" (concorrência desleal); manter um nível mínimo de exportaçao; e nao impedir o acesso de outras empresas a matérias-primas. "É muito difícil um veto a uma fusao desse porte", disse Coutinho. E antecipou: "Acredito que vamos adotar a fusao, mas com esses compromissos de desempenho".

Coutinho iniciou às 11 horas, com o ministro da Justiça, Renan Calheiros, e com o diretor do Departamento de Proteçao e Defesa do Cons umidor, Nelson Lins, uma reuniao que terminou às 15h.

A fusao - Os presidente das companhias Antarctica e Brahma se reuniram, nesta terça-feira, com o presidente do Conselho de Administraçao e Defesa Econômica (CADE), Gesner Oliveira. Eles explicaram ao presidente do Cade os detalhes da operaçao de fusao das empresas, criando a Ambev.

O presidente da Antarctica, Victorio De March, disse, antes da audiência, que a associaçao entre as duas empresas pode trazer maior eficiência, o que compensa a grande concentraçao que teriam no mercado.

De March explicou que a associaçao manterá as três redes de distribuiçao separadas. Cada uma terá sua política de marketing, portfólio e serviço independentes. Ou seja: Brahma, Antarctica e Skol continuarao competindo no mercado. De March disse ainda que cada rede é representada por cerca de 800 empresários e afirmou que o maior objetivo da associaçao é fortalecer as empresas nacionais e expandir a empresa no mercado externo.

Segundo o presidente da Brahma, Marcel Telles, a competiçao pode, até mesmo, trazer reduçao de preços para o consumidor. Telles disse ainda que é favorável à liberaçao dos pontos de venda e a uma possível reduçao de alíquotas de importaçao de cervejarias estrangeiras, "desde que os insumos tenham reduçao para empresas brasileiras na mesma proporçao da reduçao das alíquotas para as estrangeiras".

Telles negou que esteja demitindo mais de 700 funcionários de suas fábricas. Segundo ele, o processo de fusao pode resultar em demissoes em algumas fábricas e contrataçao em outras, mas a tendência é de que as empresas cresçam e nao reduzam seu tamanho. Telles admitiu que algumas fábricas poderao ser fechadas, pois as linhas de produçao pode ser transferidas para outras unidades que ofereçam custos menores.

O presidente do Cade, Gesner Oliveira, afirmou que ainda nao sabe se a questao emprego será importante no julgamento do processo. Ele nao descartou a hipótese de realizar uma audiência pública sobre a fusao.