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Gato com duas faces causa espanto em Santo André
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
05/11/2008 | 07:10
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Marina Brandão/DGABC



Curiosidade e espanto têm cercado o Morro da Kibon, em Santo André, desde o domingo, quando nasceu um gato com duas faces na casa da corretora de imóveis Cleide de Oliveira, 60 anos. Duas Caras, como o bicho foi batizado, chegou ontem ao terceiro dia de vida a salvo, mas não deve viver muito mais.

O nascimento do felino com a anomalia na cabeça deixou Cleide apreensiva no Dia de Finados. Pouco antes de dormir, Cleide percebeu que a gata Bebê tinha dado à luz mais do que os dois filhotes que viu nascer durante a madrugada. "Eram cinco, e um deles tinha algo parecido com uma cicatriz na face. Notei bem e tomei um susto ao ver as duas caras. Meu marido me chamou de louca, antes de ver com os próprios olhos", explica.

O fato raro chocou a vizinhança. Anteontem, a corretora foi a uma loja comprar ração e, de um instante para outro, tornou-se a ‘mulher do gato'. "A atendente não quis nem olhar, de medo. Na mesma hora, um homem disse que em 48 anos de vida nunca tinha visto coisa como aquela. Aí, todos que passavam por perto queriam tirar fotos."

Os ‘conselhos' ouvidos por Cleide foram os mais absurdos. Conhecidos e estranhos queriam até mesmo atentar contra a vida do animal. "Disseram que era um sinal maligno, uma aberração. Mas para mim não tem nada disso, não. É bobagem do povo."

A corretora garante como pode a vida de Duas Caras, que está separado da mãe e dos irmãos. O gato encontrava dificuldades para amamentar-se e Cleide resolveu ajudá-lo. Uma seringa com leite de vaca acrescido de água faz as vezes da gata Bebê, por enquanto. "Ele mama pelas duas bocas. Vou me virando do jeito que posso", disse.

Ontem, o animal ainda tinha os olhos fechados e emitia miados fracos pelas duas bocas, enquanto se arrastava vagarosamente sobre um pedaço de pano. O gato tem corpo aparentemente normal, exceção feita às duas faces, que têm, juntas, quatro olhos, dois focinhos e duas bocas.

ESPECIALISTA
A má-formação que acometeu o gato de Cleide é conhecida por diprosopo, como a figura mitológica de Janus - simbolizado pelas duas caras - e pode ter ocorrido por um cruzamento entre mãe e filho. Esta é a análise preliminar do diretor do Hospital Veterinário da Uniban, José Pereira da Silva, que afirma ter visto apenas quatro casos semelhantes em gatos nos seus 38 anos de profissão.

A expectativa do médico veterinário coincide com a hipótese levantada pela proprietária de Bebê, a mãe do filhote - uma siamesa marrom com pintas claras e olhos azuis. "A gente suspeita que ela tenha cruzado com um filho dela, que nasceu na primeira gestação."

Para Silva, casos semelhantes apontam que Duas Caras não deverá viver muito. "A deformação pode ter ocorrido também em órgãos internos. É uma má-formação genética que ocorre no momento da divisão celular, depois da fecundação, possibilitando que determinada região tenha uma segunda divisão. Habitualmente, não se tem vida longa."




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