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Mais puro espírito Matanza
Luciane Mediato
Especial para o Diário
29/03/2011 | 07:52
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Divulgação


Mal-encarados, debochados e machos pra danar. Essas são algumas das características do quarteto countrycore Matanza, que lança seu quinto álbum com 13 músicas inéditas. O disco que chega às lojas - após cinco anos de espera - é Odiosa Natureza Humana (Selo Deck, R$ 24). Depois de 15 anos de carreira, o álbum traz o grupo mais Matanza do que nunca: pesados, rápidos, mal-humorados e irônicos.

'Odiosa Natureza Humana' ordena a autocrítica ao demonstrar por meio da crônica um perfil feio e sujo do ser humano, que revela-se comum a todos, ainda que isso extrapole o aceitável pela sociedade. As letras de músicas como 'Remédios Demais', 'Em Respeito Ao Vício' ou 'O Bebum Acabado' são exemplos dessa autocrítca e propõem retratar momentos de nossa personalidade. Vivemos com lapsos que, em maior ou menor grau, definem a singularidade do indivíduo e sem os quais dificilmente nos diríamos humanos.

O vocalista da banda, Jimmy London, explica que a intenção não é mostrar coisas negativas das pessoas e nem meter o dedo na ferida de alguém. "Queremos dizer que tudo isso faz parte do homem. As músicas fazem com que as pessoas que passam por estes problemas não se sintam sozinhas", diz.

Nas canções, não é exaltado a decadência do bêbado nem a bestialidade do assassino. "As músicas tentam passar a imagem de personagens muito mais reais e próximos a nós do que os processos de demonização nos levam a crer", declara o vocalista.

Além das letras das músicas, outro fator que chama atenção é que as gravações foram feitas de modo analógico. "Gravamos em três dias em uma máquina de rolo. A nossa intenção era que não precisasse de muita edição e que as músicas fossem diretas e coesas", afirma Jimmy.

Conhecido pelas músicas ‘machistas' que falam sobre largar as mulheres e apostar nas bebedeiras entre amigos, o roqueiro comenta que os homens não vivem sem elas. "Vocês (mulheres) são daquelas coisas que não dá para viver sem. A gente avacalha os relacionamentos e no final das contas é tudo mentira. Mexemos com a fragilidade do homem. Ninguém canta a amargura e a decepção que é amar. Nós mostramos as feridas que são escondidas", diz.

Mas não é só de decepção amorosa que falam as letras do Matanza. Nas músicas é possível perceber uma crítica ao sistema. "Somos contra muitas coisas. Não concordamos com a Copa do Mundo, com o Carnaval. Em geral, com tudo que faz parte da política do pão e do circo. Atualmente, muitas músicas provocam a alienação das pessoas e não queremos isso."

As composições da banda são simples e sem enfeite, mas não seduzem, apesar de causarem significativo impacto. "A ideia é passar a mensagem de que não se deve levar a humanidade tão a sério e nem os nossos problemas. Afinal, o nosso tempo aqui é curto", afirma.




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