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Filho pródigo do futebol sonha com nova chance
Thiago Silva
do Diário do Grande ABC
25/04/2011 | 07:31
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Como o filho pródigo, personagem da Bíblia que perde toda a herança recebida do pai e pede nova chance, Abelardo Santos Santana, 26 anos, conhecido como Abel, quer outra oportunidade no futebol. Após conhecer a fama e ficar perto do estrelato, o ex-jogador e agora limpador de vidros espera voltar aos gramados para atuar profissionalmente, depois de desperdiçar seu dinheiro com mulheres e bebidas.

Abel nasceu em Miguel Calmon, 360 quilômetros a Noroeste de Salvador, na Bahia, e veio para São Bernardo pequeno acompanhado pelos pais, como a maioria dos migrantes nordestinos. Na cidade, iniciou os treinamentos em escola no bairro Orquídeas e foi visto por observadores do São Paulo, que o levaram para realizar alguns testes. Atacante nato, ele impressionou pelos seus gols e foi aprovado no Tricolor.

"Tenho estilo parecido com o do Liedson, do Corinthians. Também gosto do Ronaldo. São rápidos e os defensores não alcançam", explicou o modesto Abel, que conheceu alguns jogadores que foram mais bem- sucedidos que ele. "Comecei a treinar nas categorias de base do São Paulo e joguei com o Kaká, Júlio Baptista, Jean, Fábio Simplício, Fábio Santos e até o Kleber, o Gladiador do Palmeiras", lembrou Abel. "São todos meus amigos", garantiu.

Antes de se profissionalizar no São Paulo, ele foi negociado com o futebol japonês, onde teve duas passagens pelo Kashiwa Reysol e recebia em média R$ 25 mil mensais, além de conhecer Argentina e Estados Unidos, nos quais realizou pré-temporadas. Porém, quando retornou da Ásia, em 2005, ele preferiu gastar todo seu dinheiro na noite, não acertou contrato com outros times e entrou em depressão, principalmente depois das mortes da mãe e da irmã, além do fato de o pai, que havia sofrido um derrame, retornar à Bahia.

 "Os meus amigos se afastaram de mim quando fiquei sem nada e perdi força no que fazia. Minha mãe partiu e não pude dar a felicidade para ela de comprar uma casinha", lamentou ele.

Voltou a São Bernardo e preferiu esquecer o futebol profissional, atuando somente em times de várzea. Morando no bairro Montanhão, ele começou a trabalhar graças a Lenice de Azevedo, chefe de empresa terceirizada no Estádio 1º de Maio. Atualmente, ele limpa os vidros das cabines de imprensa e ganha R$ 700 por mês.

 "Meu sonho é voltar a jogar, principalmente vendo todos os dias o campo do 1º de Maio. Tenho um dom recebido de Deus que poucos têm, e preciso utilizá-lo", destacou Abel, pai de dois filhos, casado pela segunda vez e que ainda mantém alguns vícios. "Preciso admitir que eu sou pouco mulherengo", confessou.

 

Atacante negocia para atuar no Mauaense pela Segunda Divisão

O sonho de Abel de retornar aos gramados pode ser realizado em breve. Segundo o próprio vidraceiro, seu empresário, Aloísio Farias, estaria conversando com três clubes e um deles seria o São Bernardo, que deve disputar a Copa Paulista no segundo semestre.

No entanto, ele precisaria primeiramente recuperar a forma física e iria defender o Grêmio Mauaense, parceiro do Tigre, na Segunda Divisão do Campeonato Paulista - equivalente à Quarta - a partir da próxima semana.

 "Estamos conversando. Ficamos sabendo da história e pedimos para ele primeiro manter a forma física. Caso for aprovado, ele deve ir primeiro ao Grêmio Mauaense. Mas ainda não está nada acertado", destacou o presidente de honra do São Bernardo, Edinho Montemor.

Abel garante que está em boa forma física porque vem treinando normalmente. "Já tenho uma base e me cuido. Acho que não será problema", afirmou.




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