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Escolas estaduais estão abandonadas em SBC
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
08/10/2003 | 22:20
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“Os alunos chegam na escola e não encontram nem a carteira.” O desabafo é de um professor da EE (Escola Estadual) Professor Joaquim Moreira Bernardes, no Jardim Silvina, na periferia de São Bernardo. Banheiros sem portas, vidros quebrados, uma sala desativada com a fiação elétrica exposta e sem lâmpadas e paredes sujas ou pichadas dão uma falsa impressão de que o lugar é um prédio abandonado: há 1,7 mil alunos de 5ª série ao ensino médio. O ápice são dois rombos na parede de uma das salas, que os alunos usam como passagem em pleno horário de aula.

O relato dos problemas de infra-estrutura na Moreira Bernardes inclui ainda a superlotação das salas de aula e foi feito na terça-feira na subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em São Bernardo, numa reunião aberta para levantar a situação das 93 escolas estaduais no município. Professores, alunos e diretores abordaram desde a depredação física dos prédios até a violência física e constantes ameaças de morte, inclusive de alunos contra professores.

Para uma estudante do 2º colegial da Moreira Bernardes, os “alunos são muito mal recebidos”: a quadra está em péssimas condições, há mato no prédio, os ratos campeiam, não há lanche, não há pratos. Um aluno do 3º ano da mesma escola confirmou a falta de carteiras. “Tem gente que não acha e acaba voltando para casa”, afirmou. O Diário entrou na escola e constatou as denúncias feitas por professores e alunos. As carteiras existentes estão sucateadas.

Para o dirigente regional de ensino de São Bernardo, Antonio Rolim Rosa, é “inadmissível” um aluno assistir a aula em pé ou sentado no chão. “Se necessário, remanejo carteiras de outras unidades para essa escola em caráter de urgência”, afirmou. O dirigente informou que um ofício de 17 de setembro da direção da escola solicita a compra de “carteiras e cadeiras”, sem especificar, para sua surpresa, a quantidade necessária.

Até sexta-feira, o dirigente irá à escola. Ele disse não saber a razão de haver uma sala desativada. Quanto ao buraco na parede, Rolim Rosa informou que uma reforma será feita em breve, a pedido da direção.

São Pedro – Professores da EE São Pedro, na Vila São Pedro, uma das regiões mais violentas do município, reclamaram da falta de segurança. “A escola é totalmente vulnerável. Não há controle de quem entra”, disse um deles. O Diário teve livre acesso ao prédio pelo portão principal, aberto e sem funcionário controlando o fluxo. Na escola, a situação não é diferente: falta área para os alunos comerem e uma pia coletiva sem torneiras está desativada. Não há bebedouros. As pichações se sobrepõem e vão até a alto da caixa d‘água. À noite, a iluminação é fraca. “Outro dia um jovem entrou armado para tirar satisfações com outro aluno que brigou com a sua irmã. Ele foi pedir o endereço do rapaz para a diretora”, relatou uma professora. A direção da escola não falou com o Diário. Rolim Rosa reconheceu a violência maior em algumas unidades. “A escola é um reflexo da sociedade.”




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