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Ônibus lotados prejudicam alunos
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
10/03/2004 | 21:04
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A cena se repete desde fevereiro, quando as aulas na rede pública de ensino tiveram início. Os ônibus que atendem a região do bairro Santa Cruz, em São Bernardo, circulam superlotados, muitas vezes com as portas abertas e passageiros se equilibrando nas escadas, entre 6h e 7h30.

Entre os usuários das linhas durante o horário considerado “de pico” pela ETC, empresa que administra o transporte coletivo na cidade, estão centenas de alunos da E. Omar Donato Bassini. Muitos perdem o dia de aula por não conseguirem sequer subir nos ônibus. Os que entram permanecem espremidos pelos adultos enquanto os 7km entre o ponto final e a escola são cumpridos.

A ETC afirmou que a situação foi gerada por um “descontrole de horário”. Uma representante da Sociedade Amigos do Bairro Santa Cruz, que preferiu não se identificar, afirmou que a superlotação durante o período acontece porque alunos e trabalhadores da Balsa precisam do transporte no mesmo horário. “A linha é a mesma e todos saem na mesma hora”, informou. Segundo a representante, há três semanas a entidade tenta resolver o problema junto a ETC, pedindo que a empresa coloque mais dois ônibus em circulação, para que os alunos não sejam prejudicados.

“Hoje eu tive que empurrar os dois pra dentro. A aula começa às 7h10, e por isso os ônibus vão correndo pela estrada até lá, para ninguém perder aula. E é perigoso, porque o caminho é ruim”, comentou o morador José Manuel da Silva, que tem dois filhos estudando na escola no período da manhã. A empregada doméstica Enilda Alves também está preocupada: “Não tem segurança nenhuma. E se meu filho cair do ônibus e se machucar?” O filho, Diego Ferreira, diz que não gosta de descer do ônibus quase sempre em cima do horário. “Se chego às 7h10 em ponto, perco o lanche que eles servem. Aí fico com fome até a hora do almoço.”

O estudante da sexta série Caíque Bernardo de Paula, de 11 anos, contou que falta às aulas pelo menos uma vez por semana. “Não consigo subir no ônibus, de tão lotado. Nesta quarta, fui esmagado na porta, mas cheguei. Na minha classe, sempre falta alguém, porque não tem como ir à escola.”

Para o gerente de operações da ETC, Nelson Campanholo, é necessário diminuir os intervalos entre um ônibus e outro e encurtar o percurso de alguns para que todos tenham acesso ao transporte coletivo no horário de pico. “Até sexta-feira, esses ajutes serão feitos. E a empresa está analisando a demanda para saber se é mesmo preciso um número maior de ônibus”, adiantou.




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