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Atrasada, obra do Drenar não evita enchente no Rudge

Com recurso de R$ 636 mi, vitrine do secretário
Tarcísio Secoli falha na R.Jacquey e gera transtorno

Nelson Donato
especial para o Diário
10/09/2015 | 07:07
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André Henriques/DGABC


Assim como disse o prefeito Luiz Marinho (PT) em agosto do ano passado, parece que “só Deus” mesmo para garantir o fim das enchentes em São Bernardo. Isso porque o atraso nas obras do piscinão da Rua Jacquey, no bairro Rudge Ramos, foi determinante para o alagamento da via, ocorrido na terça-feira. A construção do reservatório é parte do Projeto Drenar, principal vitrine do secretário de Serviços Urbanos e possível candidato petista ao Paço, Tarcisio Secoli. Ele, inclusive, chegou a dizer em março que as obras não sofreriam atraso por conta dos cortes no Orçamento da União anunciados pelo governo federal. Porém, não foi o que aconteceu.

A construção do equipamento, com capacidade de armazenamento de 6,2 milhões m³, está inclusa nos R$ 636 milhões destinados ao Drenar, viabilizados com dinheiro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Lançado em 2013 e com previsão de término para junho deste ano, o Drenar foi celebrado como um programa que acabaria com as enchentes em São Bernardo. Porém, até o momento as melhorias prometidas não se realizaram e a população sofre com as chuvas mais intensas.

No caso do equipamento da Rua Jacquey, as seis bombas de drenagem já foram instaladas, mas, por falta de uma casa de máquinas, o piscinão segue inutilizado. Na manhã de ontem, a via ainda apresentava os reflexos da enchente que atingiu o local. Nos muros das edificações, a equipe do Diário notou que o nível da água chegou a quase um metro de altura. O asfalto estava coberto de barro e o cheiro de esgoto se espalhava pelo ar.

Revoltados com o atraso das obras que sanariam o problema, os moradores contabilizavam o prejuízo e tentavam salvar os bens danificados pela água. Residente da via há pouco mais de um ano, o coordenador de telecomunicações Ricardo de Araújo, 35 anos, conta que foi pego de surpresa. “De repente tudo encheu de água. Meu carro estava estacionado na rua e teve pane elétrica. Não sei nem quanto perdi.”

O ferramenteiro Edgar Monteiro, 57, tentava consertar seu veículo, que ficou parcialmente submerso durante o alagamento. Para ele, o principal motivo da cheia é o atraso nas obras. “Acho muita incompetência da Prefeitura. É uma pena porque se o projeto estivesse terminado, o problema acabaria. Infelizmente sempre sobra para o povo.”

Morador da via há 40 anos, o aposentado Walmir Jesus da Silva, 60, afirma que já presenciou muitas enchentes. “Isso é comum. Quando as obras começaram, tive esperança de que as coisas mudariam. Mas parece que estão esperando o período eleitoral para concluírem, ninguém nos respeita.”

Procurada, a Prefeitura de São Bernardo informou que o piscinão deve ser finalizado até o fim deste ano e garantiu que, com a finalização, não haverá mais enchentes na região. O Executivo detalhou ainda que o investimento na Bacia/Vivaldi, que compreende todas as intervenções no Rudge Ramos e região da Vila Vivaldi, é de R$ 176 milhões e beneficiará 60 mil pessoas.

Morador de rua relata drama durante a chuva em S.Caetano

Se para quem possui abrigo as fortes chuvas já são motivo de preocupação, para aqueles que não possuem moradia a situação é ainda mais alarmante.

Vivendo em uma Kombi na Avenida Lions Club, no bairro Nova Gerty, em São Caetano, o catador Alexandre Gonçalves de Silva, 50 anos, conta que viveu momentos de terror durante a precipitação de terça-feira. “Quando acordei, a água já levantava o colchão que eu estava dormindo. Só tive tempo de pegar minha mala de roupas e correr para o cemitério (Memorial Phoenix) para me proteger.”

Na manhã de ontem, uma equipe da Prefeitura de São Caetano trabalhava na limpeza da via, que ficou coberta de lama e sujeira. Apesar do susto, Silva se diz feliz por estar bem. “Perdi meus colchões e muita comida, mas meu prejuízo foi bem menor que o de um colega meu que também mora em um carro. Ele perdeu tudo, não conseguiu salvar nada.” 




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