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Comunidade cigana cresce em terreno em Santo André
Ana Macchi
Da Redaçao
04/09/2000 | 22:03
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Mesmo com a falta de infraestrutura, a comunidade de aproximadamente 60 ciganos que invadiu um terreno próximo à estaçao de Utinga, em Santo André, continua crescendo. A maioria deles deixou de ser nômade e veio do Sul do país para se estabelecer na cidade.

A primeira família chegou há um ano. Sem emprego ou casa, vivem embaixo de tendas e sofrem com a falta de esgoto, água e luz.

Apesar das péssimas condiçoes sanitárias, cerca de 25 famílias trouxeram suas mobílias e marcaram território na área que pertence à Rede Ferroviária Federal. A Rede já avisou em maio passado que vai retirar os ciganos e outros invasores do terreno. Contudo, ainda nao informou a data da remoçao.  "Estou aqui porque nao tenho onde morar. Mesmo assim é ruim porque, quando chove, as tendas viram uma lagoa", contou a cigana Maria Aparecida Januário, 30 anos, mae de cinco crianças com quem divide uma tenda há um ano.  Os ciganos afirmam nao temer a ameaça. "Enquanto nao tiver para onde ir, vou ter de ficar aqui. A soluçao seria a Prefeitura dar uma casa para eu morar", disse a cigana Joana Soares, 30 anos.

De acordo com os ciganos, a saída para sobreviver está nos próprios costumes da comunidade. "Eu leio a mao das pessoas. Isso acaba dando um dinheirinho", contou Maria Aparecida. O trabalho resultou na compra de um fogao e colchoes velhos e de um espaço no terreno por R$ 500 de uma família que desistiu de ficar no acampamento. "Falta agora comprar o material de construçao para fazer a minha casa", disse.

Segundo o cigano e vendedor ambulante Derço Soares, o trabalho dos homens garante o sustento da família. "Vendo relógios e correntes nas redondezas. Porém, minha esposa precisa ir até a praça da Sé, em Sao Paulo, para ler a mao das pessoas."

Ouro - Mesmo com dificuldades financeiras, os ciganos de Utinga fazem questao de ostentar dentes e correntes de ouro. "Faz parte da tradiçao. Juntamos dinheiro e fomos ao dentista para colocar os dentes", disse o cigano Rafael Pereira. A maioria usa vestimentas típicas e tatua pintas pelo corpo. "Compramos tintas e agulhas e perfuramos os nossos rostos. Todos os ciganos têm isso", contou Maria Aparecida.




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