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Cidade para meninos e meninas
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
01/11/2011 | 07:30
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Uma cidade de 30 mil metros quadrados com berçário, creche, Educação Infantil, centro de convivência para adolescentes e terceira idade, cursos profissionalizantes, reabilitação e equoterapia. Tudo financiado por meio de convênios, doações e academia aberta para a comunidade. Assim é a Cidade dos Meninos, instituição assistencial que funciona há 50 anos em Santo André.

Mantida pela Associação Missionária dos Franciscanos Menores Conventuais, a entidade começou como colégio interno. Hoje atende à população de baixa renda do Parque Novo Oratório e região.

Na Educação Infantil são cerca de 300 crianças mantidas principalmente por convênio com a Prefeitura. As famílias dos pequenos, com idade entre 3 meses e 6 anos, contribuem com mantimentos. "Cada família tem uma determinada quantia que deve trazer todos os meses, como duas latas de leite, um pacote de cinco quilos de arroz. É pouco perto do que as crianças recebem aqui", explicou o assessor da entidade, Rogério Braga.

Os menores fazem cinco refeições diárias no local e os maiores, três. Aqueles que moram mais afastados contam com transporte escolar. O ônibus foi comprado pela instituição e os pais mantêm a operação com mensalidades de R$ 50. "Se a família tem mais de um filho matriculado, paga apenas esse valor e todos podem vir." Com tantos serviços, a creche tem fila de espera de mais de 700 crianças.

A entidade também possui o Centro da Juventude, onde crianças e jovens realizam atividades no contraturno das aulas. Os frequentadores têm a oportunidade de fazer cursos profissionalizantes de informática, estética, panificação e corte e costura. De avental e touca na cabeça, Ítalo dos Santos, 14 anos, há oito meses coloca a mão na massa, literalmente. "Gosto fazer pães e doces como goiabinhas", disse ele, que pretende trabalhar como padeiro para pagar a faculdade, mas ainda não sabe o que quer ser quando crescer. 

IDOSOS
Para a terceira idade, o Centro Franciscano de Convivência, coordenado por Irene Etsuko Inoui, 65, oferece atividades como caminhada, alongamento, informática, artesanato, música, hidroginástica, inglês, dança e bordado, entre outros. "Atendemos 140 idosos da região, que contribuem com uma pequena parcela conforme a renda", destacou.

Para auxiliar na despesa do centro, o voluntário Laércio Costa, 64, mantém a horta orgânica da instituição. Ali, a comunidade do bairro encontra alface, couve, escarola, almeirão, cebolinha e chicória sem agrotóxico. "Vem gente da cidade inteira comprar os produtos produzidos aqui porque são mais saudáveis e ajudam a manter o trabalho da entidade", disse Laércio.

 

Reabilitação na piscina ou no lombo do cavalo 

O Centro de Reabilitação e Equoterapia da Cidade dos Meninos recebe pessoas de todas as idades que necessitam de atendimento terapêutico para diversos tipos de doenças e deficiências físicas e mentais.

Apenas na equoterapia, feita com cavalos, são 125 atendimentos diários, entre pagantes, bolsistas, gratuitos e conveniados. O valor integral é de R$ 275 por mês e ajuda a manter aqueles que não podem pagar, mas precisam tanto quanto os outros.

A fisioterapeuta Rosângela Gonçalves é a coordenadora do programa de equoterapia e destacou que um dos principais benefícios da prática para os pacientes está no passo do cavalo. "Ele é semelhante ao andar humano e, por isso, promove a reorganização do sistema nervoso central."

Além da parte física, a equoterapia tem o poder de inverter papéis, por meio do trato com o animal. "No caso dos deficientes, o aumento da autoestima e a possibilidade de cuidar do cavalo proporcionam confiança." São pessoas que precisam ser atendidas por outras pessoas o tempo todo, mas que têm a possibilidade de, ali, alimentar, escovar e cuidar de um dos quatro cavalos disponíveis no local, todos mansos e tranquilos.

Nicolas Silva Capucci, 3 anos, é filho do vendedor Roberto Florindo Capucci, 38. Há oito meses, o menino, que nasceu com uma lesão do lado direito do cérebro, convive com cavalos na Cidade dos Meninos. "Percebi que ele está mais confiante. O equilíbrio também melhorou, ele consegue andar sem cair tanto", afirmou o pai, beneficiado pelo convênio da Prefeitura de Mauá com a instituição.

Além da equoterapia, o Centro de Reabilitação oferece fisioterapia, reabilitação postural global, hidroterapia, fonoaudiologia e psicologia, com custos menores que os convencionais.

 

Para ajudar, academia e adoção à distância 

A Cidade dos Meninos é realmente uma cidade e, como tal, tem gastos para manter a estrutura que oferece aos menos favorecidos. Para minimizar parte desse problema, a entidade inaugurou em 2004 uma academia que reverte o valor integral da mensalidade para os programas desenvolvidos pela instituição.

O sucesso foi tanto que o espaço ficou pequeno para os cerca de 1.800 alunos que fazem aulas de natação e musculação. Com a ajuda da Fundação Salvador Arena, a Cidade dos Meninos está atualmente em obras para ampliar a academia. "Vamos passar dos atuais 1.800 alunos para 2.400", prevê o assessor Rogério Braga.

Filha da comerciante Edinéia Mianishi, 41 anos, a pequena Samanta, 7, faz aulas de natação duas vezes por semana. "Conhecia o trabalho da instituição e é gratificante saber que o dinheiro que invisto na saúde da minha filha ajuda também outras crianças."

Além da academia, outra forma de ajudar é por meio da adoção à distância. Para tanto, envia-se mensalmente ou anualmente uma quantia para o sustento de uma criança. A Cidade dos Meninos envia uma foto e algumas informações sobre a criança adotada, mas o dinheiro é dividido entre todos os projetos da instituição. "Assim a pessoa não ajuda apenas uma, mas todas as crianças que frequentam esse espaço", disse o diretor da Cidade dos Meninos, frei Luiz Favaron.

Com tantos projetos, Favaron destacou que toda ajuda é bem-vinda. "Nosso objetivo é atender aqueles que mais precisam e também as famílias que passam por momentos de dificuldades".




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