Setecidades Titulo
Índio Tibiriçá: 37 km de alto risco
Elaine Granconato e
Luciano Vicioni
Do Diário do Grande ABC
12/09/2002 | 23:35
Compartilhar notícia


  Cinco pessoas morreram vítimas de atropelamento de janeiro a julho ao longo dos 37 quilômetros da rodovia Índio Tibiriçá (SP-31), que liga São Bernardo a Suzano e corta Santo André e Ribeirão Pires. Mais duas pessoas morreram em acidentes de trânsito. No total, a rodovia já registrou 72 acidentes desde o início do ano. Segundo a Polícia Rodoviária, os principais perigos são os cruzamentos e o número excessivo de pedestres, principalmente crianças e adolescentes, que transitam diariamente pelos acostamentos.

Uma média de 17 mil veículos circula todos os dias pela estrada. A maioria caminhões. Ao longo da via, que já foi conhecida como Estrada da Morte (época em que era ainda mais perigosa do que hoje) existem três escolas públicas. A EE Chojiro Segawa, localizada no Km 58,5, fica em Suzano. Além dela, existem escolas dentro dos bairros, que também atraem alunos do lado oposto da estrada. A Índio Tibiriçá começa no Km 33 – no distrito de Riacho Grande, em São Bernardo – e se estende até o Km 70 – em Suzano, na Região Metropolitana. Cerca de 21 quilômetros ficam no Grande ABC.

“O maior problema na rodovia são os cruzamentos de acesso aos bairros ou mesmo a outras cidades”, disse Jorge Luis Poveda, sargento da Polícia Militar Rodoviária e chefe de pista na rodovia. Entre os pontos mais perigosos, Poveda destaca o Km 46 – entrada para Ribeirão Pires e, conseqüentemente, a de Rio Grande da Serra. “É um cruzamento perigoso e que necessita de atenção redobrada, principalmente para se evitar as colisões frontais.”

Além das constantes infrações de trânsito cometidas pelos motoristas, Poveda destaca a imprudência dos pedestres, especialmente os jovens. “Infelizmente, o adolescente não é devidamente orientado para transitar no acostamento”, disse o policial. Só até julho deste ano foram sete mortes na estrada. Em 2001, no mesmo período, foram registrados 112 acidentes, dez com vítimas fatais.

Segundo ele, o correto é o pedestre andar contra o fluxo dos veículos. “Dessa forma, existe a possibilidade de escape em caso de acidentes. O problema é que eles andam em grupo, são displicentes e invadem a pista.”

Além do perigo de andar pelo acostamento, os pedestres costumam ainda atravessar pela perigosa rodovia. É o caso dos alunos da EE Senador Casemiro da Rocha, em Ouro Fino Paulista, em Ribeirão Pires. A unidade tem 1,7 mil alunos, distribuídos em três turnos dos ensinos fundamental e médio.

Embora ao lado da escola exista uma passarela, os estudantes preferem atravessar pela estrada. “Não uso a passarela porque demora mais tempo para chegar em casa”, disse Verônica de Oliveira, 15 anos. Aluna do 1º ano do ensino médio, Steize Santos Aguiar, 15, que mora no Jardim dos Eucaliptos – que fica a cerca de 2 quilômetros da escola – também foi outra que atravessou entre os carros e caminhões, conforme o Diário registrou na quarta-feira por volta do meio-dia.

Mas a estudante Rosângela de Jesus Junqueira, 17 anos, que faz o 3º ano do ensino médio e mora próximo ao Jardim Eucalipto, apresentou um motivo sério para optar pela passagem pela rodovia. “Sei que atravessar por ela é perigoso, mas lá em cima não é diferente. Tem muita gente mal encarada”, disse. À noite, segundo os estudantes, o perigo fica mais evidente. Eles dizem que é freqüente a presença de pessoas drogadas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;