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Sem-teto acampam na sede da Gaviões da Fiel
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
10/08/2003 | 19:55
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As cerca de 500 pessoas remanescente da invasão do terreno da Volks organizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) deixaram às 23h30 de sábado a praça Matriz, no Centro de São Bernardo, onde estavam desde sexta-feira, e seguiram para a sede da Escola de Samba Gaviões da Fiel, no bairro do Bom Retiro, na capital paulista, que cedeu o espaço para que as famílias possam ficar alojadas por alguns dias. O retorno à cidade, no entanto, segundo a coordenação do movimento, é certo. “Todas estas famílias são de São Bernardo e querem voltar. Não vamos desistir da luta por moradia, vamos continuar a incomodar a Prefeitura e todos aqueles que lucram com a especulação imobiliária”, disse um dos coordenadores, Guilherme Boulos.

Segundo outra coordenadora do grupo, Iracema Mendes da Silva, a Aninha, pelo menos por uma semana está garantido a permanência das famílias na quadra da Gaviões. As famílias irão montar barracas no campo de futebol da sede e poderão utilizar a cozinha e os banheiros, com chuveiros com água quente. Depois da reintegração de posse da área da Volks, na última quinta-feira, os acampados foram para a igreja Jesus de Nazaré, na Vila São José, onde não puderam ficar. De lá, foram para o Paço Municipal, de onde também foram retirados no fim do dia. Chegaram, então, às 20h45 na praça da Matriz e à sede da Apeosp (sindicato dos professores da rede estadual), onde ficaram até sábado à noite.

Com abrigo provisoriamente garantido, a coordenação do movimento irá, nesta semana, tentar fazer uma reunião com o secretário estadual de Habitação, Barjas Negri. O objetivo será discutir o cadastro feito pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), presidida por Negri, e cobrar participação do município na solução do problema. “Todas as famílias que estão conosco são de São Bernardo, elas têm documentos, certidão de nascimento, que mostram que nasceram e cresceram na cidade.” No dia 28 de julho, parte dos acampados foram em passeata até o Paço Municipal, mas não foram recebidos.

Para a imprensa, o prefeito Willian Dib afirmou que não iria recebê-los por considerar a ocupação “um movimento político” e porque a maioria dos acampados não seria da cidade. A Prefeitura afirmou desde o início da invasão que a cidade não tinha sem-teto, apenas moradores em subhabitações e que estes já estavam na fila dos programas de moradia em curso.

No dia da reintegração de posse, o movimento voltou ao Paço. Os coordenadores pediram aos secretários municipais da Habitação, Osmar Mendonça, de Ações Sociais, Ademir Silvestre e, de Assuntos Jurídicos, Carlos Roberto Maciel, a concessão de uma área pública de modo emergencial para abrigar as famílias. Não houve acordo.




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