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Prefeitura de Mauá invade quintal de casa e derruba obra
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
17/11/2009 | 07:45
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A Prefeitura de Mauá demoliu ontem uma garagem que era construída dentro de terreno público na Avenida Manacá, no Jardim Primavera. A obra estava no quintal de uma casa que ocupa a área há 24 anos. Dono do imóvel erguido no terreno público e responsável pela obra, o pescador Daniel Francisco de Souza, 38 anos, reclamou que não foi previamente comunicado da ação da Prefeitura e que nenhuma autorização foi apresentada. A administração agiu da mesma maneira há dez dias, quando levou ao chão, sem informar antecipadamente, o cômodo de uma residência na Rua Assunção, no Parque das Américas.

Como na operação anterior, a ação foi marcada pela truculência e pela ausência de esclarecimentos. Os fiscais chegaram no local por volta das 9h.

Para iniciar a demolição e retirar a caminhonete que estava no quintal, a equipe arrancou um portão, que nem fazia parte da garagem. Nesse momento, o dono do imóvel ( que não mora no endereço e emprestou a casa para a cunhada) interrompeu os trabalhos, se negando a retirar o veículo.

Os funcionários da Prefeitura estavam acompanhados de guardas-civis municipais e solicitaram então o auxílio de um guincho. Quase três horas depois, o reboque estacionou.

Quando o veículo se preparava para retirar a caminhonete, o pescador correu para o carro e foi contido por seis GCMs, que o imobilizaram e o tiraram à força do quintal. Indignado, Souza afirmou: "Estou construindo desde agosto e não fui procurado para que parasse. Na semana passada, a Prefeitura retirou três metros de areia da calçada, mas não notificou sobre a demolição."

O pescador tem problemas nos rins, e perdeu ontem uma sessão de hemodiálise vendo a destruição de seu salão, que tinha três metros e meio de largura, por oito de comprimento e quatro de altura.

Depois que a caminhonete foi retirada (e levada para o pátio da Prefeitura), a retroescavadeira precisou de menos de 30 minutos para levar ao chão as paredes e o teto da construção. "Gastei até o que eu não tinha aqui. Foram R$ 8.500 no total. Só de mão de obra paguei R$ 2.000", disse Souza.

SILÊNCIO - Os fiscais da Prefeitura foram questionados pelo Diário no momento da demolição e pediram à reportagem que procurasse a assessoria de imprensa, que foi questionada pessoalmente, por e-mail e por telefone, mas não se pronunciou sobre o assunto.

Mulher pediu para agentes não destruírem o muro

A cunhada do pescador Daniel Francisco de Souza foi retirada às pressas do trabalho com a notícia de que o portão da casa onde mora havia sido arrancado. Auxiliar de limpeza, Maria dos Reis, 49, reside nos fundos do imóvel há 16 anos. Com a derrubada, a casa perdeu a frente e está agora sem nada a separando da rua.

Montada em um único e apertado cômodo retangular, a casa tem os aposentos divididos apenas por uma estante. A auxiliar mora com as três filhas, de 24, 22 e 15 anos.

"Vocês podem deixar pelo menos uma parte do muro? São quatro mulheres que vão ficar aqui sozinhas. É perigoso", perguntou Maria aos fiscais, que não atenderam.




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